Violência sexual, castigos físicos e preconceito nas magníficas festas da Faculdade de Medicina da USP

Aprendizado sexual em vários tons cinzas

Aprendizado sexual em vários tons cinzas

 

Muitas das garotas têm menos de 20 anos. A maior parte delas é branca, de família de classe A ou B. Estão felizes por realizar um sonho. Apreensivas pelos desafios que enfrentarão nos anos seguintes. Assustadas com o novo ambiente e os rostos desconhecidos.

São reunidas em círculo. Em volta, outro círculo, de garotos igualmente brancos, igualmente nascidos em famílias ricas ou de classe média alta. Mas são mais velhos. Intimidadores. Ordenam que todas gritem “bu”. Elas obedecem:

– Bu! Bu! Bu! Bu! Bu! Bu!

Um coro alto de vozes masculinas, a dos garotos em volta das garotas, abafa as vozes femininas e ressoa pelo ambiente:

Buceta! Buceta! Buceta eu como a seco! No cu eu passo cuspe! Medicina é só na USP!

É assim que calouras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) são recepcionadas em seu primeiro dia dessa nova fase da vida. Todos os anos. É uma das muitas tradições da faculdade de ciências médicas considerada a melhor do país. “De elite.” Para as mulheres, no entanto, grande parte dessas tradições se traduz em opressão permanente, que traz como consequência extrema casos graves de abusos sexuais, incluindo estupros, no interior do ambiente universitário. Casos sobre os quais recai um pesado manto de silêncio que impede que se tome providências a respeito. Leia mais aqui. Texto de Tatiana Merlino, Igor Ojeda. Fotos de Caio Palazzo e Rafael Bonifácio

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Das festas que acontecem na FMUSP, a “Carecas no Bosque” e a “Fantasias no Bosque” são as que criam o ambiente mais “propício” para abusos. A começar pelos cartazes de divulgação, quase sempre com destaque a mulheres cheias de curvas, trajes mínimos e olhares provocantes. Os preços dos convites são diferenciados. Em geral, mulheres pagam quase a metade do que os homens. “Todo o marketing é baseado no fato de que lá haverá muitas mulheres e que vai ter sexo à vontade. A USP inteira sabe que tanto a ‘Carecas’ quanto a ‘Fantasias’ são para isso, para ir lá e transar”.

Os estudantes de medicina são adeptos do poliamor. Pegam garotos e garotas. Quando estupram um fera macho, os veteranos chamam de empurrada.

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Poesia Contra a Redução da Maioridade Penal

por Elizandra Souza

Mohammad Saba'aneh

Mohammad Saba’aneh

Bom dia, a educação vai mal
Transporte e Saúde vão mal
Moradia também vai mal
E vocês dizem que o problema é reduzir a
Maioridade penal?

O silêncio também mata
Eu digo não a redução da maioridade penal
Adolescer não pode ser crime
As ruas não podem ser campo minado
Cuidado,cuidado, cuidado

Rouba a brisa, opnião pública
Genocida noticia
Na manchete menor mata
Menor rouba, menor, menor

Na tela apenas sequela
De um sistema falido
Combater a consequencia
Mascarada fica a causa

Redução da maioridade penal
É dá tiros nos pés
Brincar de solução educacional
Prender o futuro no passado
Colocando curumins no sistema prisional

Xangô, sabe os meninos, no relento,
Cirandeiros no mundo
Descalços na roda da vida
Queremos justiça e liberdade,
E seguir os passos do vento…

Decadência da Faculdade de Medicina do Governo de São Paulo: Bacanais, tráfico de mulheres, de drogas, de álcool, curra, estupro, filme pornô e doenças sexuais

Violência sexual, castigos físicos e preconceito na Faculdade de Medicina da USP

por Tatiana Merlino, Igor Ojeda, Caio Palazzo/Vídeos e Rafael Bonifácio/Edição de vídeos

 

Fachada da Faculdade de Medicina da USP

Fachada da Faculdade de Medicina da USP

 

Muitas das garotas têm menos de 20 anos. A maior parte delas é branca, de família de classe A ou B. Estão felizes por realizar um sonho. Apreensivas pelos desafios que enfrentarão nos anos seguintes. Assustadas com o novo ambiente e os rostos desconhecidos.

São reunidas em círculo. Em volta, outro círculo, de garotos igualmente brancos, igualmente nascidos em famílias ricas ou de classe média alta. Mas são mais velhos. Intimidadores. Ordenam que todas gritem “bu”. Elas obedecem:

– Bu! Bu! Bu! Bu! Bu! Bu!

Um coro alto de vozes masculinas, a dos garotos em volta das garotas, abafa as vozes femininas e ressoa pelo ambiente:

– Buceta! Buceta! Buceta eu como a seco! No cu eu passo cuspe! Medicina é só na USP!

É assim que calouras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) são recepcionadas em seu primeiro dia dessa nova fase da vida. Todos os anos. É uma das muitas tradições da faculdade de ciências médicas considerada a melhor do país. “De elite.” Para as mulheres, no entanto, grande parte dessas tradições se traduz em opressão permanente, que traz como consequência extrema casos graves de abusos sexuais, incluindo estupros, no interior do ambiente universitário. Casos sobre os quais recai um pesado manto de silêncio que impede que se tome providências a respeito. É fundamental que se preserve o bom nome da instituição.

Ou melhor: das instituições, no plural. Pois a FMUSP abriga entidades tão tradicionais que elas próprias parecem ser autossuficientes. É o caso da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz (AAAOC), ou simplesmente Atlética, e do Show Medicina, que reúne alunos para uma apresentação teatral anual e que recentemente virou notícia quando estudantes que dele fazem parte pintaram um anúncio de sua 72ª edição sobre um grafite na avenida Rebouças, em São Paulo.

Violências sexuais, trotes violentos, castigos físicos, humilhações, machismo, racismo e discriminação social. A Ponte reuniu inúmeras denúncias de violações sistemáticas aos direitos humanos ocorridas nessas instituições, quando não incentivadas ou promovidas por elas. Comumente varridos para debaixo do tapete, tais abusos passam atualmente por uma inédita publicização, fruto da luta das vítimas e de coletivos de direitos humanos da faculdade. Tanto que hoje são alvos de investigação por parte do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e objetos de uma histórica comissão interna formada por professores com o objetivo de apurá-los. As denúncias também chegaram à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), que realizará uma audiência pública sobre o tema nesta terça, 11/11.

Com esta reportagem, a Ponte dá início a uma série especial sobre o assunto. Tradição, hierarquia, segredo, ritualismo, elitismo, regras rígidas e punições são as palavras-chave. Os relatos são impactantes.

 

Abusos sexuais: a naturalização

Na segunda-feira à tarde da semana de recepção aos calouros, acontece o primeiro evento do ano no clube da Atlética, no bairro paulistano de Pinheiros. É a “Espumada”. Os estudantes de Medicina festejam com churrasco e bebidas o início do novo semestre. Numa quadra poliesportiva, é formada uma espécie de piscina cheia de espuma, que chega a cobrir a cabeça dos presentes. Garotas e garotos que lá entram mal veem um ao outro. Mas são elas as mais vulneráveis. Mãos masculinas anônimas apalpam tudo que encontram pela frente: seios, bundas, vaginas. “A caloura não sabe como é a festa. Qualquer menina que entra na espuma perde o controle sobre o corpo. É mão de todo lado, sem você saber quem é. O menino te agarra, te beija. E se você tenta fazer algo, a resposta é que se você está na espuma é porque quer, está lá para isso. Rola uma pressão. Se está lá é porque está topando qualquer negócio”, relata uma das alunas, que não quis se identificar. “Os veteranos abusam do poder que têm sobre as meninas, que estão vulneráveis, não sabem o que está acontecendo. Muitas ficam bêbadas. Abusam mesmo delas.”

“Muitos veteranos usam o fato de você estar numa situação vulnerável e forçam o beijo, o sexo. Às vezes a menina está desmaiada e ele tira a roupa dela.”

Segundo a estudante Marina Pikman, do coletivo feminista Geni, formado no final de 2013 dentro da FMUSP, é comum que as alunas reclamem do constrangimento a que são submetidas logo quando chegam à faculdade. “Há muita ênfase na hierarquia, em tirar a identidade do calouro, falar: ‘você não sabe de nada, esquece toda a sua vida pregressa que e a gente vai te ensinar’. Com as mulheres, isso acontece de forma machista, os veteranos acham que têm livre acesso às calouras”, diz.

 

 

Ana Luísa Cunha, também integrante do Geni, lembra que quando o grupo foi fundado começaram a chegar vários relatos de abusos sofridos na semana de recepção. “Você chega e não sabe o que vai acontecer. Quer se enturmar, está na euforia e os caras se aproveitam, muitos veteranos usam o fato de você estar numa situação vulnerável e forçam o beijo, o sexo. Às vezes a menina está desmaiada e ele tira a roupa dela”, conta.

Mas os casos de abusos não ocorrem apenas na primeira semana ou na “Espumada”. Há relatos de violências sexuais em outras festas, tanto promovidas pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc), como as cervejadas, quanto pela mesma Atlética, a exemplo das tradicionalíssimas “Carecas no Bosque” e “Fantasias no Bosque”, realizadas uma em cada semestre. De acordo com o Geni, são pelo menos 8 casos de assédios graves nos últimos 3 anos. Marina avalia, no entanto, que esse é um número bem menor do que a realidade, já que muitas estudantes não denunciam as violências sofridas por vergonha e medo de serem hostilizadas.

Cartaz de festa da Faculdade de Medicina da USP

Cartaz de festa da Faculdade de Medicina da USP. Na gíria universitária: Carecas (sexo masculino) no Bosque (sexo feminino)

Das festas que acontecem na FMUSP, a “Carecas no Bosque” e a “Fantasias no Bosque” são as que criam o ambiente mais “propício” para abusos. A começar pelos cartazes de divulgação, quase sempre com destaque a mulheres cheias de curvas, trajes mínimos e olhares provocantes. Os preços dos convites são diferenciados. Em geral, mulheres pagam quase a metade do que os homens. “Todo o marketing é baseado no fato de que lá haverá muitas mulheres e que vai ter sexo à vontade. A USP inteira sabe que tanto a ‘Carecas’ quanto a ‘Fantasias’ são para isso, para ir lá e transar”, explica a aluna que optou por permanecer anônima. O problema, segundo ela, não é a questão moral, mas o ambiente de machismo extremo que cria a impressão de que qualquer garota presente está disponível.

A festa acontece no campo de futebol da Atlética. As equipes masculinas de cada modalidade esportiva erguem suas barracas para vender bebidas e arrecadar recursos. Atrás destas são montados os “cafofos”: estruturas fechadas com colchões ou almofadas apropriadas para se levar garotas. Segundo relatos, uma das modalidades costuma contratar prostitutas, cuja tarefa é agradar os presentes com strip teases e “body shots” de tequila nos seios, além de deixar o corpo à mercê das apalpadelas. Na barraca de outra modalidade, filmes pornôs são projetados. Outra equipe batiza seu espaço de “matadouro”.

“Nessas festas, minha impressão é que as meninas são um pedaço de carne na prateleira.”

Em torno do campo de futebol, há um pequeno bosque, para onde os casais vão para transar. Seguranças contratados pela organização vigiam a entrada. “Nessas festas, minha impressão é que as meninas são um pedaço de carne na prateleira. A mentalidade dos meninos é que elas estão disponíveis para transar. Chegam de maneira agressiva, ao ponto de vários caras tentarem te puxar para o bosque. E, na minha percepção, se você entra no cafofo você não sai, vai ter de transar com o cara”, opina a estudante. “Ter” de transar. Marina, do coletivo Geni, revela que já ouviu muitas histórias de garotas assediadas e estupradas entre as árvores. “Houve uma vez em que meu namorado ouviu gritos e foi socorrer. Um cara que ele conhecia tinha rasgado a calcinha da menina contra a vontade dela”, conta.

“Há estupros de meninas inconscientes, casos de colocar ‘boa noite Cinderela’ na bebida delas. É algo sistemático porque acontece em todos os anos”, diz professora da FFLCH

Heloísa Buarque de Almeida, coordenadora do programa USP Diversidade e professora de estudos de gênero na antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), pesquisa a ocorrência de violência sexual, machismo, homofobia e trotes violentos na FMUSP desde que foi procurada pelos coletivos da faculdade, há alguns meses. “As violências se tornam rituais que se repetem a partir de uma ideia de tradição que querem manter, que não é exatamente do curso, mas uma tradição de algumas festas e instituições que se torna escandalosa”, analisa. “Há estupros de meninas inconscientes, casos de colocar ‘boa noite Cinderela’ na bebida delas. É algo sistemático porque acontece em todos os anos. A festa ‘Carecas no Bosque’ é tradicional entre aspas. Eles consideram tradicional que tenha prostitutas lá dentro, e no meio disso algumas meninas são estupradas porque estão bêbadas.”

 

‘Você estava muito bêbada’

 

Cartaz de festa dos alunos da Medicina da USP

Cartaz de festa dos alunos da Medicina da USP

Foi na “Carecas no Bosque” de 2011 que a então caloura Doralice* foi estuprada no “cafofo” do judô. Ela estava desacordada. “Demorei para saber o que tinha acontecido, porque eu retomei a consciência apenas quando estava no hospital. Não me falaram direito, só: ‘acho que você foi abusada’”, diz ela, em depoimento à Ponte. Posteriormente, juntando os relatos que foram surgindo, muitos por insistência dela, a estudante pôde entender melhor o que ocorreu após as 4 horas da madrugada, quando ainda estava consciente e havia ido tomar uma bebida na barraca do judô – depois disso, não se lembra de mais de nada. De acordo com o que lhe contaram, Doralice ficou com um dos garotos da modalidade, que a levou ao cafofo, onde a deixou. Quando ele voltou, viu-a desacordada com um homem sobre ela, estuprando-a.

O que se seguiu, segundo a aluna, foi uma série de tentativas, por parte da Atlética e da diretoria da faculdade, de abafar o caso. No Hospital das Clínicas, para onde foi levada por diretores da entidade esportiva, não foram feitos exame de corpo de delito, para se comprovar a violência, ou toxicológico, para identificar uma possível adulteração em sua bebida. No entanto, a caloura começou a tomar medicamentos antirretrovirais como prevenção ao HIV.

“Eles falaram que eu não tinha como provar, que não poderia dizer que havia sido estuprada porque estava muito bêbada.”

Apesar da insistência, os responsáveis pela Atlética demoraram a lhe explicar exatamente o que tinha acontecido. Foi somente 2 dias depois, quando teve a confirmação de que havia existido penetração, que Doralice decidiu denunciar o caso. Mas foi sistematicamente desencorajada pelos diretores da Atlética. “Eles falaram que eu não tinha como provar, que não poderia dizer que havia sido estuprada porque estava muito bêbada.”

Mesmo assim, a estudante fez um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Mulher. Algum tempo depois, a delegada apontou um funcionário terceirizado da faculdade como o agressor. “Até hoje, quando o inquérito policial está sendo finalizado, eu descubro coisas sobre meu caso que não sabia, por exemplo, que a diretoria da Atlética não permitiu que a polícia entrasse no local da festa”, conta.

As pessoas que ela procurava para testemunhar se mostravam ariscas. Falavam que deveria “tocar a vida para frente”. “Foi feito um pacto de silêncio, como tudo é tratado dentro da Faculdade de Medicina. Meu namorado era mais velho e falavam para ele que a história não poderia vazar, que iria destruir a imagem da Atlética, que iria destruir a festa”, revela. Ela conta, ainda, que a diretoria da FMUSP tomou conhecimento do caso, mas não fez nada a respeito.

“Abaixou minha calça, enfiou o dedo, me beijou à força.”

O estupro no “Carecas no Bosque” de 2011 não foi a primeira nem a última violência sexual sofrida por Doralice. No início daquele mesmo ano, durante a semana de recepção, ela foi abusada por um dos diretores da Atlética, que inclusive faria parte do grupo que a levaria ao hospital alguns meses depois. Numa tarde de bebedeira, ele a levou a uma sala escura da equipe de atletismo e a jogou no chão. “Abaixou minha calça, enfiou o dedo, me beijou à força. Mas teve uma hora em que ele parou”, relata Doralice. “Depois ele fez isso com outras meninas, uma delas da ‘panela’ dele, outra, uma colega minha de turma. Ele vê que a menina está bêbada e não conseguindo oferecer muita resistência.” Nos anos posteriores ao estupro, outro diretor da Atlética aproveitou duas “Espumadas” para passar a mão em seu corpo. Segundo a aluna, ele igualmente costuma repetir o abuso com outras estudantes.

 

‘Eu sei que você quer, deixa de ser chata’

Em novembro de 2013, a estudante de Medicina Leandra* sofreu abuso sexual de 2 alunos durante uma cervejada do sexto ano realizada no Centro Acadêmico Oswaldo Cruz. Eles ficaram insistindo para que ela fosse até o estacionamento ao lado. “Vamos para meu carro que eu vou dar bebida para você”, diziam.

“Eu falava que não queria, eles insistiam para eu ir. Me puxavam, mas eu não queria ficar com eles. Nesse vai e vem acabamos chegando ao carro deles. Lá eles começaram a me beijar, enfiar a mão dentro da minha roupa, dentro da minha calça. Queriam que eu entrasse no carro, abriram a porta, e eu comecei a gritar, a fazer um escândalo, dizendo que não queria. Tentava sair e eles impediam a minha passagem. Me empurravam, e um deles começou a gritar comigo: ‘para de gritar, para de gritar!’. Eu dizia que não queria os dois e um deles respondia: ‘você quer sim, eu sei que você quer, deixa de ser chata’. E os dois me beijavam, passavam a mão em tudo, não me deixavam sair. Nisso uma menina que estava no estacionamento brigando com o namorado viu o que aconteceu, deu um grito e me chamou. Então consegui sair.”

 

 

A partir de então, Leandra iniciou uma epopeia para que a violência sofrida por ela fosse reconhecida. Fez um Boletim de Ocorrência e denunciou o caso à diretoria da faculdade. Uma sindicância formada por 4 professores foi criada, mas apenas a estudante e um dos agressores foram ouvidos, já que o outro estava viajando. Em abril de 2014, a conclusão divulgada foi que a relação havia sido consensual, e que o problema havia sido o consumo de álcool. “Para mim, essa decisão tira a culpa do agressor e a joga na vítima, porque ela estava bêbada. Chegaram à conclusão de que foi consensual só com meu depoimento e de um dos garotos”, reclama.

O forte corporativismo existente no ambiente universitário da Faculdade de Medicina da USP, que havia se manifestado no caso de Doralice, voltou a “atacar” no caso Leandra. A vítima, e não os agressores, passou a ser hostilizada sistematicamente desde então. “Eu passo no corredor, as pessoas cochicham, apontam, principalmente os amigos dos caras. Eu mesma ouvi dizerem: ‘ah, aquela menina sai com todo mundo, logo ela vai reclamar disso? Está querendo aparecer’”. A preocupação maior é com a imagem da faculdade. Até mesmo um dos que abusaram de Leandra foi tirar satisfação. Ameaçou processá-la por difamação.

“Quando fui denunciar, achei que o meu era um caso isolado, mas descobri que havia mais.”

Uma das instâncias procuradas por ela foi o Núcleo de Estudos em Gênero, Saúde e Sexualidade (Negss), grupo de alunos criado no início de 2013. “Quando fui denunciar, achei que o meu era um caso isolado, mas descobri que havia mais”, diz. Foi divulgada então uma nota sobre o ocorrido no Facebook, gerando grande repercussão, em sua maioria, negativa. O texto foi publicado na página mantida nessa rede social pelo Grupo Pinheiros, do qual participam alunos e ex-alunos da FMUSP. A reação de seus membros foi violenta, diz Marina Pikman, do Geni. “Temos um monte de prints com postagens supermachistas, homofóbicas, classistas, xenófobas… tirando sarro do que aconteceu. Foi bem difícil para ela [Leandra]. Ela é ridicularizada nas redes sociais.”

Questionada pela reportagem, a diretoria do Centro Acadêmico afirmou que ofereceu apoio e orientação a Leandra e a incentivou a registrar um Boletim de Ocorrência. Disse, ainda, que solicitou à FMUSP a instauração de uma sindicância administrativa, “uma vez reconhecida a dificuldade e inadequação do CAOC de realizar tal apuração”. Todas as respostas enviadas pelo Caoc à Ponte podem ser lidas aqui.

A estudante, no entanto, nega. Ela diz ter procurado a segurança da faculdade, que a levou até ao chefe da graduação. Este a teria orientado a fazer o BO. “Os diretores do Caoc disseram que não poderiam me ajudar pelo princípio da isonomia em relação aos alunos. Só após a pressão do Negss eles enviaram um ofício à diretoria da faculdade pedindo abertura de sindicância.”

 

Modus operandi da violência

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Ao Geni chegaram outros exemplos de abusos semelhantes. Como o de uma aluna violentada por um ficante. Ou de uma caloura que “apagou” numa festa “Fantasias no Bosque” e acordou numa enfermaria às sete da manhã sem sapato e calcinha. Ou o estupro de uma estudante de Enfermagem por um aluno de Medicina na Casa do Estudante, a moradia estudantil do Hospital das Clínicas. Ou até de um aluno estuprado por um veterano numa “Espumada”.

“No começo elas nem se dão conta de que sofreram assédio. Elas acham que estavam muito bêbadas, que não resistiram o suficiente. Depois, quando se dão conta, acham que passou muito tempo, que as pessoas relativizarão o ocorrido.”

Nenhum desses abusos, no entanto, foi denunciado, com a exceção dos de Doralice e Leandra. “É claro que não são casos isolados, é claro que há uma cultura institucionalizada de violência, impunidade, desamparo das vítimas”, avalia Marina. Ela explica que se pode até dizer que há um modus operandi. “A maioria dessas violências acontece em festas, em ambientes nos quais a menina está bastante alcoolizada. Às vezes está inconsciente, às vezes consciente, mas ofereceu resistência à agressão, e não foi respeitada pelo menino. E ela se sente culpada por não ter conseguido se defender. E há a lógica machista de considerar sempre que foi consensual.”

A partir daí, inicia-se uma luta para decidir denunciar o assédio e/ou buscar apoio. As vítimas, porém, esbarram nas próprias dúvidas e na falta de mecanismos institucionais de acolhimento. “No começo elas nem se dão conta de que sofreram assédio. Elas acham que estavam muito bêbadas, que não resistiram o suficiente. Depois, quando se dão conta, acham que passou muito tempo, que as pessoas relativizarão o ocorrido”, analisa Marina, para quem seria fundamental uma instância que amparasse as alunas que sofreram violência. “Mesmo que não tenha havido denúncia, a maioria procurou alguma ajuda institucional, porque foi fazer o tratamento antirretroviral.”

Ainda que as estudantes decidam ou cogitem denunciar, devem enfrentar mais obstáculos: o pacto de silêncio e abafamento em relação aos escândalos, e a transformação das vítimas em algozes. “As meninas são ridicularizadas, estigmatizadas como loucas que só querem chamar a atenção, que estão inventando coisas, manchando a imagem das instituições da faculdade”, pontua a integrante do coletivo Geni.

Segundo Marina, o grupo chegou a se reunir com a diretoria da faculdade e da Atlética para pressionar por medidas que diminuíssem a vulnerabilidade das alunas nas festas promovidas pela entidade, mas seus diretores responderam que não era possível tomar providências antes de uma decisão judicial. “As meninas não reclamam muito, fica velado, pois ninguém tem coragem de criticar a Atlética, porque é uma instituição muito forte. Existe um corporativismo muito grande envolvendo a Atlética, ou o Show Medicina. Você vai ser perseguido se reclamar, se der a cara para bater”, lamenta Leandra. Foi justamente a violação sofrida por ela o estopim da criação do Geni. “Meninas vinham contar histórias de estupro por colegas que nunca haviam denunciado porque tinham medo, porque não viam canais de denúncia antes”, explica Marina.

No dia em que foram anunciadas as conclusões da sindicância sobre o caso de Leandra, as estudantes realizaram um ruidoso protesto criticando a decisão e denunciando outros abusos. Foi o suficiente para que a faculdade decidisse formar uma comissão para apurar os inúmeros exemplos de opressão em seu interior. Instalado em março deste ano, o grupo formado por professores da FMUSP vem ouvindo relatos de violações sexuais, físicas, morais, machistas e homofóbicas, entre outras. O relatório elaborado a partir dessa apuração deve ser divulgado nos próximos dias.

Enquanto isso, após a publicação de matérias na imprensa sobre os casos de Doralice e Leandra, a edição deste ano da festa “Fantasias no Bosque” foi cancelada.

A Ponte solicitou uma entrevista com o diretor da FMUSP José Otávio Auler, mas a assessoria de imprensa da faculdade informou que ele se encontra em um simpósio fora do país e enviou a seguinte nota:

“A Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) se coloca de maneira antagônica a qualquer forma de violência e discriminação (com base em etnia, religião, orientação sexual, social) e tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção destes tipos de casos, apuração de denúncias e acolhimento das vítimas. A Cultura da Instituição é baseada na tolerância e respeito mútuos, valores que são passados aos seus alunos. Com o intuito de fortalecer esta cultura, foi formada recentemente, inclusive, uma Comissão com docentes, alunos e funcionários com o objetivo de propor ações de caráter resolutivo quanto aos problemas relacionados às questões de violência, preconceito e de consumo de álcool e drogas. Em relação às denúncias envolvendo membros da FMUSP ou de casos ocorridos em suas dependências, foram abertas sindicâncias para apuração. Em caso de comprovação, a Faculdade adota as punições disciplinares de acordo com o Código de Ética da USP.”

A reportagem também procurou a Atlética, via assessoria de imprensa da FMUSP, mas até a publicação desta reportagem não havia obtido retorno.

* Nome fictício para preservar a identidade da vítima

La prensa extranjera le tunde al Presidente Peña Nieto: “Su palacio está en llamas, y se va del país”

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Ciudad de México, 11 de noviembre (SinEmbargo).– “Su palacio está en llamas, las calles de su capital repletas de manifestantes enojados, su Gobierno envuelto en su más grave crisis social hasta la fecha; sin embargo, el Presidente de México, Enrique Peña Nieto, hizo lo que muchos jefes ejecutivos acosados desean hacer. Se salió del país”, publica hoy el periódico Los Angeles Times.

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A su vez, The Wall Street Journal y New York Times reseñan cómo las seis semanas que han transcurrido desde la desaparición de los 43 estudiantes de la Escuela Normal Rural de Ayotzinapa, Guerrero, han evidenciado el vacío de instituciones sólidas que hagan valer la ley y combatan la corrupción en México.

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“Las últimas seis semanas han recordado a muchos mexicanos lo que falta por hacer en México, como la creación de instituciones sólidas de aplicación de la ley y la lucha contra la arraigada corrupción. También han recordado muchos de los escándalos del viejo Partido Revolucionario Institucional (PRI), que gobernó el país desde 1929 hasta 2000″, dice WSJ.

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En tanto, The New York Times publica en sus páginas de opinión bajo la firma de James A. Goldston: “Esto es mucho más que la historia de un pequeño pueblo, o incluso un país, esclavo de las bandas del narcotráfico. La respuesta en las últimas seis semanas a los secuestros registrados en Guerrero ponen de manifiesto el problema central que el Presidente Enrique Peña Nieto ahora tiene que enfrentar: el sistema de justicia penal de México no puede investigar adecuadamente atrocidades, y carece de los controles institucionales necesarios para frenar la corrupción endémica, los abusos y la incompetencia”.

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LA Times refiere cómo Enrique Peña Nieto ha tenido que encarar una serie acontecimientos que plantean interrogantes acerca de si sus dos años en la administración federal pueden mantener el impulso necesario para llevar a cabo su programa de reformas. “La crisis ha dejado a Peña Nieto en una lucha para recuperar el equilibrio”, dice el periódico californiano.

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A su vez, New York Times dice que los asesinatos de los normalistas “se han convertido en una importante crisis política para el Presidente, lo que socava las afirmaciones de su Gobierno sobre un progreso en la guerra contra la violencia relacionada con las drogas. Ante el temor de la indignación popular por el manejo del caso, se ha comprometido a abordar las fallas estructurales que la crisis ha hecho demasiado evidentes”.

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Y agrega: “Los eventos en Iguala han despertado México. El reto es transformar un sistema de justicia que ha servido durante mucho tiempo a los delincuentes en uno donde prevalezca la ley”.

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A la situación de los estudiantes, los medios internacionales suman los escándalos que enfrenta el Presidente Enrique Peña Nieto por la cancelación de la concesión del tren México-Querétaro a una firma china, su viaje a este país asiático, así como el reportaje sobre la mansión de 7 millones de dólares en la que vive con su familia.

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“Aún cuando el Presidente voló a China para conversaciones comerciales, se enfrentó controversia allí también. Un socio chino de la empresa mexicana, Grupo Higa SA, amenazó con emprender acciones legales contra el gobierno de México después de que la semana pasada canceló abruptamente el contrato para construir un tren bala en México”, publica WSJ.

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Al respecto, LA Times dice que Peña Nieto fue a China en mismo fin de semana que manifestantes prendieron fuego a la puerta del Palacio Nacional en la Ciudad de México, en protesta por la probable masacre de 43 estudiantes. “Al mismo tiempo, los informes fueron surgiendo de que una mansión de 7 millones de dólares propiedad de la esposa del Presidente había sido proporcionado por un contratista principal del Gobierno”.

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“Las redes sociales explotaron las fotos de la residencia de la familia presidencial, con un valor de 7 millones de dólares, y con un video sobre la casa de la familia del Presidente que fue visto más de 1 millón de veces en YouTube. La oficina del Presidente defendió la casa diciendo que no era propiedad del Presidente, sino de la Primera Dama, que estaba pagando la casa en cuotas. Se negó a dar más información. Pero los opositores, incluyendo grupos estudiantiles y políticos de izquierda pidieron su renuncia en Twitter y nuevas elecciones utilizando el hashtag #Articulo39RenunciaEPN”, publica The Wall Street.

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Quando as meninas odeiam as meninas. Bullyng entre universitárias

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Sempre existe espaço para falar do amor entre meninas. A imprensa esquece a inveja, o preconceito, o ciúme, o ódio nas relações femininas. Por exemplo, existe bulismo entre as universitárias brasileiras? Desconheço qualquer pesquisa.

Publicou El Clarín:

Aumento de bullying preocupa argentinos

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por Gabriela Grosskopf Antunes

O bullying vem deixando vítimas no país. Um em cada quatro argentinos, diz a imprensa local, conhece ou já foi vítima de alguma espécie de violência escolar. A Argentina já é considerada o país com maior índice de bullying da região.

O tema é comum no continente. ONGs e entidades internacionais afirmam que pelo menos 70% dos alunos da América Latina já sofreram algum tipo de bullying. E segundo estudo realizado pela Unesco entre os anos de 2009 a 2011, a Argentina é o país com os mais altos números de bullying entre os 15 países latino americanos que participaram do estudo.

Um em cada quatro argentinos, diz a imprensa local, conhece ou já foi vítima de alguma espécie de violência escolar. De acordo com a consultora TNS Gallup, 87% dos argentinos estão preocupados com o tema. O sofrimento silencioso de 40% dessas vítimas, como reporta a equipe do Anti Bullying Argentina (ABA), pode terminar mal.

Foi o caso de Naira Ayelén Cofreces, de 17 anos, morta em abril último como decorrência de espancamento por três colegas, na província de Buenos Aires.

Bullying termina em morte

O caso de Naira assustou graças à banalidade do crime. Familiares e amigos especulam que Naira pode ter apanhado pelo simples fato de ser amiga de uma colega que vinha sofrendo com bullying.

“Foi um desses casos em que o bullying mostrou sua cara mais trágica”, lamentou explica a psicóloga da Universidade Católica Argentina (UCA) e parte da equipe da entidade Anti Bullying Argentina, Lucrecia Morgan.

Pouco dias depois, em La Plata, cidade natal da Presidente Cristina Kirchner, uma jovem de 18 anos foi atacada porque “era linda”. Sobreviveu com o nariz quebrado.

“É preocupante porque é cada vez maior o número de denúncias e também a violência entre os alunos”, destacou o presidente da ONG Bullying sem Fronteiras Javier Miglino.

O jornal Uno publica hoje:

Sorpresa por casos de bullying en estudiantes universitarias

ar_uno. universitárias

por Mariana Gil

Aunque es difícil de creer que el bullying se manifieste entre estudiantes del ámbito universitario, en Mendoza las agresiones psicológicas son frecuentes sobre todo entre las mujeres. Sin embargo, aun así es en la única provincia del país donde los hombres no sufren este tipo de violencia y la resolución de los conflictos es más simple. De todos modos, es una de las regiones donde los alumnos demandan más ayuda. Las carreras en las que predominan los casos de maltrato son Ingeniería, Economía, Derecho e incluso, Psicología, entre otras. Así lo revela el informe del estudio nacional que realizó la ONG Bullying sin Fronteras.
En las universidades públicas, el fenómeno de burlas, injurias, discriminación, aislamiento y humillaciones, entre otras manifestaciones, es por cuestiones políticas; mientras que en las privadas, el acoso tiene relación con la condición económica de la víctima.
Lo que llama la atención sobre los datos que arrojó la muestra de los estudiantes de entre 18 y 23 años de nuestra provincia es que “fue el único lugar del país donde no existe bullying entre hombres, que se da sólo entre mujeres. Es decir: en Mendoza el compañerismo en el segmento masculino es más fuerte, hay respeto y no proliferan las broncas”, detalló Javier Miglino, titular de la organización.
El estudio nacional indica que en promedio 4 de cada 10 alumnos de casas de altos estudios padeció bullying y que en muchos casos deriva en una sensible baja en el rendimiento académico o directamente, en el abandono de la carrera universitaria por la continua presión de sus compañeras.
“Cada distrito se destaca por algo distinto y en Mendoza se reveló que son los varones quienes defienden a las chicas a quienes consideran víctimas”, comentó el abogado Miglino, quien al mismo tiempo, dijo que no es posible develar las preguntas del estudio.
Fueron encuestados 2.000 alumnos de 24 universidades privadas y 43 públicas de la Argentina, algunas de ellas de Buenos Aires, Rosario, Córdoba, Mendoza, entre otras, y en estas regiones, el método de consulta fue a través de redes sociales como Twitter, Facebook y por correo electrónico. De allí surgió que el 99% de quienes padecieron bullying lo sufrieron a nivel psicológico, ya que es poco probable que sea físico porque es un delito penal en este rango etario.
El testimonio de Miglino es el siguiente: “Los chicos nos piden ayuda y tenemos una propuesta para que en las universidades inserten dentro de alguna materia, charlas con especialistas sobre bullying”.
A la vez, el profesional explicó que toman las denuncias de cada damnificado y en primer orden, hacen el reclamo a cada establecimiento educativo, luego al Ministerio de Educación, y en tercer lugar, a la fiscalía del Poder Judicial.
Bullying sin Fronteras ya planea visitar Mendoza, Misiones, Formosa, Chaco y Neuquén, las provincias donde han recibido más pedidos de ayuda.
Otro dato que salió a la luz es que el 5% de los estudiantes universitarios sufren el bullying por parte los profesores con frases como “pierden tiempo”, “¿para que están acá, están haciendo perder plata al Estado?”, “no sé qué va a pasar cuando salgan de acá”, “ustedes no tienen nivel”, y otras. “Estas son palabras muy fuertes, son como una especie de bomba atómica, y hay quienes hasta quieren dejar la carrera”, aseguró el especialista.
El estudio nació de la preocupación de padres, alumnos, directivos de universidades públicas y privadas, y Bullying sin Fronteras abordó la conflictividad del acoso estudiantil en el ámbito universitario.

 

acoso 2

“Hay que ser prudentes antes de calificar los casos”

Adriana Hunau, psicóloga y coordinadora del Servicio de Apoyo al Estudiante y Orientación Vocacional de la UNCuyo, reconoció el fenómeno, pero opina: “Hay que tener cierta prudencia porque las diferencias de ideologías no siempre desencadenan situaciones de bullying. Los enfrentamientos por cuestiones ideológicas se dan al igual que en el contexto social y no siempre merecen ser llamados como casos de bullying. Puede haber episodios aislados y hay que ser prudentes antes de calificar los casos”.
Nancy Caballero, psicopedagoga y psicóloga, concuerda en que existen situaciones de agresión frente la mirada diversa de las cosas: “Esto debería ser inconcebible que suceda en el seno de las universidades, como también la intolerancia a nivel político, que se observa hasta en carreras con orientación técnica, aunque no me animo a denominarlos como casos de bullying, pero sí de violencia”.
La especialista también reconoció que es más común entre las mujeres la violencia psicológica y que los temas de las discusiones son difíciles de mediar.
En tanto, los hombres son más simples a la hora de la resolución de los conflictos. Otro dato que destacó Caballero es que desde hace unos años “las diferencias se dirimen desde un lugar de intransigencia. No podemos naturalizar esto que llama la atención y es grave, cuando una persona del ámbito de estudio no puede usar la palabra sin agredir al otro es porque se ha perdido la inteligencia emocional”.

Estupros de universitárias

Existe uma onda de estupros de universitárias que os jornais informam como sequestros. Acontece dentro e fora do campus. As vítimas raramente denunciam. Primeiro porque a impunidade impera, principalmente quando o criminoso é um estudante, um policial.

Uma simples medida evitaria a maioria dos estupros e da violência nas cidades: iluminação. As cidades estão cada vez mais escuras, depois das privatizações. Apesar do povo pagar o imposto de iluminação pública cobrado pelas prefeituras (pasmem!), via companhias de eletricidade, ex-estatais.

Imagem que ilustrou a notícia de um estupro ou curra praticada por universitários na Universidade Federal de Juiz de Fora

Imagem que ilustrou a notícia de um estupro ou curra praticada por universitários na Universidade Federal de Juiz de Fora

 

O nojo do gozo que não participei – Sobre estupro e outras formas de machismo

Por Hanna Thuin, estudante de Direito da Universidade de Brasília, publicado em Revista Vírus Planetário

A história que segue é suja, densa – tão densa quanto o último respingo dela. A história que segue é dantesca:  retrato de um pesadelo acalorado pelo inferno. É uma história que nada posso barganhar para esquecer; história que nada pude fazer para deter. É uma história-memória sem cortes ou censuras – a linguagem é crua e dura. Inadequada para quem com a verdade da realidade não pode ter. Não leia se este último papel cabe em você.

Saía da aula. Tarde. Estacionamento parcamente iluminado. Transeuntes inexistentes. Tudo era sombra – à exceção da Lua cheia: seria ela a única a testemunhar.

Seiscentos metros; sessenta passos: foi essa a distância percorrida antes que aquelas mãos segurassem firme meu ombro. Segundos. Minha bolsa no chão. A chave do carro perdida na grama próxima. Eu não conseguia gritar, mexer, fugir. Desespero. Enquanto uma mão rasgava minha blusa, a outra expunha o pau duro para fora da calça. Quis vomitar.

“Vadiazinha. Piranha. Vou te comer sua patricinha. Fica quietinha. Se abrir a boca, te mato”

Sob o bafo dessas palavras, despertei. Reagi, tentei escapar. A força dele era o dobro: eu quis ter voz para morrer.

“Papai aqui vai te mostrar como se faz. Te foder toda. Te mostrar o que é um homem de verdade”.
Subjugou-me pela testosterona dobrada: forçou-me os joelhos ao concreto; forçou-me a boca ao pau ereto. Segurava-me pelos cabelos. Ia e voltava, com força, a cintura no meu rosto. Aquele chicote estalando na minha garganta. Os pelos do escroto roçando nos meus lábios.
Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Perdi as contas de quantas vezes sufoquei; de quantos tapas deferiu-me com aquelas mãos de monstro pelos desmaios que meu nojo ensaiou. Incansável. Só parou quando da minha voz saiu o vômito. Vômito que conheceu mais minha pele que o chão. Vômito que não interrompeu o animal; vômito que não o comoveu; vômito que não o impediu.

“Sua porca. Escrota. Tá com nojinho? Agora vai ver o que é bom”

Arrancou minha saia. Jogou-me ao chão. Minhas bochechas esfoladas no asfalto. O corpo pesado daquele homem me esmagando. Aquelas mesmas mãos monstruosas forçando caminho entre as minhas pernas; aquele mesmo pau duro a me violar.Ao sangue do meu rosto arranhado, da minha boca cortada, juntava-se o sangue do meu sexo machucado. Escorria a resposta das minhas entranhas; traduzia em cor a dor que eu não conseguia gritar. O bafo daquele homem estranho, sua respiração descontrolada aos pés do meu ouvido. Aquela coisa asquerosa entrando e saindo de mim:
entrando
e
saindo;
entrando
e
saindo. Sob o meu pranto silencioso, o rosto desfigurado de tantas idas e vindas da pele naquele recorte duro de piche- o ritmo dos arranhões conduzidos pelo pau insaciável de um estranho. Além do choro, o sangue; além do sangue, o gozo. O gozo dele. Aquele sêmen todo a adoecer minhas partes; aquela porra a descer pelas minhas pernas: líquido branco, denso: morte.
Liberou seu peso sobre mim. Recolheu o pau murcho à braguilha fechada.

“A princesinha tá toda fodidinha. Já quer mais, né, putinha? Delícia”

Dispensou um último tapa forte na minha coxa – foi embora caminhando. Minhas mãos desceram à virilha; manchei-as com aquela mistura de branco com vermelho: jamais unir-se-ão em rosa.
Não sei quanto tempo larguei-me ali. De pernas abertas. De roupa rasgada. De olhar perdido. Quando me encontraram, já era tarde. Tarde na hora do relógio, tarde na hora impossível de se evitar: ninguém mais poderia me salvar, minha vida acabara ali.

Dos procedimentos que se seguiram- o IML, os infinitos exames, as tonalidades e prescrições de cada caixa de remédio-, apenas participei do banho. Esfreguei minha pele com tanta fúria, com tanto nojo, como se a carne daquele homem não fosse se desprender nunca da minha – como se ele ainda estivesse ali. Não terminei enquanto outras nuances minhas, além da dor, tornaram-se expostas. Aquela noite me tornou uma pessoa quebrada: deixou a memória no corpo; usurpou a (c)alma.

Os únicos momentos em que eu recobrava a vida, para logo perdê-la, afloravam ao longo do sono. O chão áspero, o pau duro, o nojo, o sangue, o gozo dele escorrendo pelas minhas pernas. Como se todo dia eu precisasse morrer um pouco mais. E morria. Pesadelos sem rosto – assumiam um novo a cada abrir de olhos. Todos se tornaram, assim, possíveis estupradores: o porteiro, os amigos, os vizinhos, meus irmãos. Enxergava em todos eles a mesma repulsa. Ninguém escapava ao meu medo; o medo não poupava sequer os Santos.

Em algum ponto, porém, estar morta tornou-se insustentável. Não havia o que fazer quanto ao meu homicídio – não acharam um nome a punir pelo estupro. A minha morte, contudo, desenrolava-se em outra: mamãe. A culpa, tão injusta em escolher suas vítimas, a atingiu, a adoeceu. Não foi por mim, portanto, que voltei – foi por ela. E, ao voltar, percebi que não só por ela eu deveria renascer, mas por todas. Por todas as mulheres. Por todas as mulheres que tiveram seus corpos violados e suas almas furtadas, mutiladas, assassinadas.

Por todas as mulheres estupradas ao percorrer o caminho entre a L2 e a UnB. Por todas as mulheres estupradas ao pegar uma van de Copacabana para a Lapa. Por todas as mulheres estupradas após serem intencionalmente drogadas por seus colegas de trabalho. Por todas as mulheres enganadas por seus ídolos e, por eles, estupradas coletivamente. Por todas as mulheres forçadas a transar com seus companheirxs- porque isso também é estupro. Por todas as meninas abusadas por familiares ou pessoas próximas. Por todas as mulheres e meninas que se calaram por medo, que não denunciaram, que se sentiram culpadas porque assim, desde sempre, foram ensinadas pela sociedade. Por todas as que não conseguiram carregar o peso dessa memória e encontraram, no suicídio, a única possibilidade de redenção. Por todas as mulheres que não renasceram; por todas as que sobreviveram; por todas as que, como eu, de alguma maneira, hão de sobreviver (e renascer).

Sobre as nuances do machismo

O estupro é um dos filhos bastardos do machismo. Bastardo porque deste herda os traços, mas não o reconhecimento. O machismo é a raiz podre que germina em solo Argiloso; é o início do espinho que emerge na Terra Roxa; é o calvário que se instala no Calcário. O machismo está em toda parte. Enraizado. Reproduzindo livremente seus podres frutos e alimentando, com eles, tradições e poderes apodrecidos. O machismo veste muitas cores, muitas modas, muitos nomes. O machismo é a nossa crítica à saia curta e ao decote; o machismo é a nossa repulsa à puta e concomitante glorificação do conceito menina-santa-songa-monga. O machismo é a crucificação do aborto travestido de religião; é , também, a proibição da ordenação da mulher. O machismo é árvore de muitos galhos.

O machismo não me deixa jogar bola, porque futebol é coisa de homem; não me deixa conduzir um carro, porque mulher no volante é barbeira; não me deixa ser a capa de um jornal de finanças, sorridente e bem sucedida, porque esse papel milenarmente cabe, tão somente, ao homem (branco). O machismo não deixa que eu me expresse, que eu marche pelos meus direitos, que eu exponha meu corpo como eu quiser.

O machismo não deixa que eu escolha minha foda, a minha companheira no lugar de companheiro – se quero ou não ter filhos. O machismo não me deixa ser mãe solteira. O machismo não deixa que ela ganhe mais que ele ou que ele cuide da casa e auxilie-a nas responsabilidades domésticas. O machismo não deixa que a mulher seja o que é: forte. Ele tenta o tempo todo submetê-la à obediência, à submissão, à resignação.

O machismo, contudo, sabe ser generoso – abre “exceções”. O machismo permite objetificar o corpo da mulher para que seja essa a imagem impulsionadora das vendas de carros e de cervejas. Permite ao marido ser convocado em propagandas toscas de rádio a bancar o consumismo clichê feminino – resume a mulher ao crédito. Permite e reforça a exigência das curvas sempre exatas, da roupa comportada, das unhas feitas, do cabelo liso e escovado. Permite que o cavalheirismo seja visto como gentileza dele e o sexo como obrigação servil dela. Permite que ele faça da infidelidade um estilo de vida e do pênis um instrumento de reconhecimento e poder. O machismo permite que a apologia ao estupro em uma recepção de vestibular seja vista como um caso isolado de “dois babacas” dessintonizados com o curso e não como um problema institucional que ultrapassa os muros da Universidade- o espaço acadêmico hodiernamente (e infelizmente) ainda reproduz, sem a necessária reflexão, os ecos e ensinamentos que vêm de antes, que vieram e vêm lá de fora. O machismo permite que a hipocrisia se diga moral e, em um cuspe, agrida as mulheres que marcham por um necessário despertar; permite, inclusive, normatizar o estupro, assegurando, àquele líquido branco, a hospedagem no útero, sem questionar a existência de um prévio aceite: se ela disse sim ou se disse não, para o machismo, tanto faz.

Engana-se quem pensa ser o machismo opressor apenas do feminino. Senhor feudal, pai, filho e herdeiro das tradições e do conservadorismo, o machismo é poder corrupto e mecanismo de exclusão que se pretende perpétuo. É em nome dele e por ele que se prega e legitima o homem branco como “the choosed one” para dominar a tudo e a todos.

É em nome dele e por ele que se máscara o fundamentalismo de democracia e a intolerância de religião. É ele quem dilata as nossas glotes e permite um indigesto Feliciano ter sido Presidente da Comissão de Direitos Humanos. É ele que impede o Ministério da Saúde de veicular uma campanha em que afirma que prostituta também é gente e é gente feliz. É ele quem veta um kit que prega o respeito e a compreensão da sexualidade que escapa aos padrões normativos, mas permite e incentiva, com recursos públicos, a distribuição de uma cartilha que não contente em veicular a homofobia, relativiza o estupro, personificando o gozo do estuprador em uma vida a ser protegida. É ele que condena as rupturas, que agride àquela que se insurge contra o sistema, que demoniza quem ataca seus símbolos.

É em nome dele e não de Deus que se pratica o racismo, a homofobia, o feminicídio, a opressão de classes. É ele quem cerceia com normas, padrões e pecados intransigentes o próprio existir dos sujeitos.

Não sejamos ingênuos nem tenhamos piedade com quem nunca nos poupou. Não se combate o machismo com afagos na cabeça e conversas baixas. Não se combate o machismo com a manutenção dos símbolos nem com o silêncio de quem a tudo assiste inerte e, assim, consente. Não se combate o machismo marchando em fila indiana e batendo continência para a hipocrisia. É preciso peito. Esteja ele nu ou pintado – a coragem de impô-lo traduz-se na ausência de panos, sem temer o pudor do moralismo alheio. Não existe paz sob a regência do medo. Não existe democracia quando a metade do povo, dita ironicamente de minoria – cracia-, é feita de demo indialogável e invisibilizado pelas bandeiras monocromáticas do branco classe média hétero “religioso”. É muito fácil criar pecados e interpretar de maneira viciada o calçado do Outro, difícil é dispor-se à alteridade de enxergá-lo para além dos estigmas e da herança dos frutos podres que desde cedo nos são dados como alimento e como instrução.

Que o senso comum, a homofobia, o racismo, o feminicídio, a opressão de classes, a xenofobia, que todos esses rostos do machismo se tornem, a cada dia mais, os verdadeiros outsiders. Sejam eles os deslocados, os excluídos, os eliminados. Que a gente desperte os sentidos e a vontade para entender e enfrentar o verdadeiro inimigo e seu exército de formas, linguagens, poderes, pessoas. Que a nossa revolução comece em nós mas em nós não termine e não se contenha; que se expanda, que invada a rua, o comércio; que barulhe os ouvidos até que seja verdadeiramente escutada, sentida, pensada.

Há muito para fazer: há um tanto de dureza e concreto para demolir. Os caminhos, contudo, estão aí, abertos. Há um incômodo com potência para ser mudança. Há gente muito boa na rua pronta para o novo. Que a gente não perca o embalo e nem a coragem e, se por ventura, faltar o norte, que a gente tenha o gosto do nojo na memória: aquele líquido branco banhado de sangue e de pranto – gozo egoísta, monstruoso.

Por que a morte da estudante Bruna Lino teve total descaso da reitoria da USP e a do estudante Felipe Paiva não?

Estudante do curso de Letras, Bruna Lino, 19 anos, descaso da reitoria com sua morte ficou evidente.

Estudante do curso de Letras, Bruna Lino, 19 anos, descaso da reitoria com sua morte ficou evidente.

A trágica morte da estudante, Bruna Lino, estudante do primeiro ano do curso de Letras da USP, que caiu em um fosso de um prédio em construção próximo ao Paço das Artes, no campus Butantã, não teve a menor atenção por parte da reitoria da USP e do reitor João Grandino Rodas.

A discrepância fica evidente com o fato de que a reitoria se resumiu a dizer que não tinha nenhuma responsabilidade com o local do acidente, mesmo este estando no terreno da universidade. Em nota a reitoria disse, “o prédio onde ocorreu a morte da aluna não pertence à universidade, mas sim ao Instituto Butantã”. A irmã de Bruna, Bárbara, também ressaltou o descaso total e generalizado por parte da instituição, que em tese, deveria zelar pelo bem estar de seus membros. Bárbara destacou, “estamos revoltados com o descaso em relação aos órgãos competentes. Quem é o dono do prédio, o (Instituto) Butantan e a USP? Por ser uma aluna da USP e o prédio ser frequentado por alunos da USP, (a universidade) deveria dar uma satisfação. Eu, como família, pretendo procurar advogado, qualquer tipo de pessoa que possa me auxiliar para encarar esse fato da melhor forma possível. Até agora, ninguém se pronunciou, nenhum responsável pelo prédio entrou em contato comigo. Queremos justiça”. A direção da universidade sequer prestou algum auxílio aos familiares, se limitando a “tirar o corpo fora” sobre o ocorrido.

Em 18 de maio de 2011, o estudante da FEA, Felipe Ramos Paiva, foi assassinado no estacionamento do curso de economia. O caso gerou comoção em toda a comunidade USP, evidentemente, mas de maneira até exagerada da imprensa burguesa e por parte da reitoria da universidade que desde então lançou mão do Convênio da USP com a PM para supostamente garantir mais segurança e evitar novos casos semelhantes. O reitor chegou a dizer em uma entrevista à revista Veja, “e aí o rapaz foi morto com um tiro! Imagine: nós recebemos alunos de 18 anos, de 19, e alguns até menores de idade, para um ambiente assim, onde essas coisas estão acontecendo. Um pai pode pensar: melhor meu filho estudar em uma universidade fraca e mais segura. E dá para entender [esse raciocínio].” O reitor-interventor, aliás, neste caso, nem se pronunciou.

Politicagem

Evidentemente que a reitoria não tem compaixão por nenhum estudante, nem por Felipe Ramos, nem por Bruna e nenhum outro membro da comunidade universitária, mas a morte do estudante da FEA foi politicamente conveniente para reitoria aplicar a sua política de repressão contra o movimento estudantil.

Vale lembrar após a assinatura do Convênio com a PM, a reitoria colocou em prática todo um conjunto de medidas que “visavam” aumentar a segurança no campus. Foram instaladas mais câmeras de segurança, a PM teve livre acesso ao campus, Base Móvel, contratação de três ex-coronéis da PM para comandar a guarda universitária, projeto de iluminação e de construção de cancelas e guaritas “altamente seguras”. Ou seja, toda uma política implantada para evitar novas tragédias. Será que algo semelhante vai acontecer em decorrência do caso da estudante do curso de Letras? Claro que não! Não precisamos nem supor. Isso já aconteceu.

Em dezembro de 2010, um ano de gestão Rodas, o estudante de Filosofia, Samuel de Souza, de 42 anos, morador do CRUSP, faleceu no campus Butantã em condições de negligência de atendimento por parte da universidade. Samuel passou mal de saúde na cidade universitária. Ele desmaiou na Praça do Relógio Solar na manhã de 2 de dezembro, por volta das 9h30, a guarda universitária foi chamada, duas viaturas foram até o local, não socorreram o estudante. O resgate foi chamado e não pode atender, pois não tinha unidades disponíveis. Então o Hospital Universitário foi acionado e não mandou ambulância com a alegação de que as ambulâncias não são feitas para fazer resgate. Detalhe, o Hospital fica a 5 minutos do local.

Samuel ficou das 10h e 10h05, hora prevista de sua morte, até por volta de 16h30 exposto ao sol e a chuva na praça do Relógio Solar. Um detalhe relevante, Samuel era negro.

Foi um total descaso no atendimento do socorro e depois na remoção do corpo. A morte de Samuel não comoveu a reitoria, não foi discutido e nem implementado um plano para evitar novos casos. Não foram colocadas bases móveis de saúde pelo campus que comporta mais de 40 mil estudantes. O atendimento de saúde não foi descentralizado com unidades de assistência básica com no mínimo enfermeiros trabalhando em locais com grande concentração de pessoas como a FFLCH, Poli, FEA e o CRUSP. Os guardas universitários não foram orientados ou treinados a dar assistência neste tipo de caso. Não houve nenhuma preocupação da reitoria. Por quê? Porque a morte de Samuel não trazia nenhum benefício político para a direção da universidade. Investir numa assistência médica preventiva para estudantes, professores e funcionários não interessa. Mas, garantir a ordem, com a o uso da PM, sim.

A morte da estudante Bruna Lino não vai alterar em nada o funcionamento da USP. Não é do interesse da reitoria evitar acidentes em prédios em obras. Agora, evitar ocupações da reitoria, protestos e “vandalismo”, ah isso sim é importante. In Jornal da USP Livre!

O professor e a Síndrome de Burnout

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Portal do Mec:

Jeca Tatu tinha o ventre corroído pelos vermes, a vítima de
Burnout tem o espírito corroído pelo desânimo, a vontade minguando devagar, até atingir os gestos mais banais, até minimizar as vitórias mais acachapantes, a beleza e a força da missão dando lugar ao mesmo irritante cotidiano, por mais diferentes que sejam os dias de trabalho.

Jeca Tatu é uma obra de ficção, o Burnout é um fenômeno real, a corroer, dia após dia o educador e a educação.

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Depoimentos no Faceboox:

Várias faculdades estão simplesmente fechando, extinguindo seus cursos de formação de docentes, devido à baixíssima procura de vestibulandos pela profissão. Adorei saber disso, tomara que, a partir disso, quando a já alarmante escassez de professores nas escolas ficar ainda maior, quem sabe alguém vai querer questionar o porquê de mais ninguém praticamente querer atuar nessa área. Desinteresse geral mesmo.

Sou PSS e sei como é que ficar o tempo inteiro dentro de uma escola, lidando às vezes com verdadeiros animais indisciplinados, por um salário que é um LIXO, um LIXO mesmo.

Agora, todos sabem muito bem os reais motivos disso, a sociedade cada vez mais deturpada, interesses políticos em manter o povo cada vez mais alienado. Sem mais.

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Pessoal, faz pouco mais de um ano que iniciei minha carreira docente. Não consigo olhar em livros de chamada fora da sala de aula. As sensações antes de adentrar uma sala de aula são horríveis. Ainda tenho que arcar com caras feias dos superiores. Preciso muito de ajuda.

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Acabei de dar entrevista para a Folha de Londrina. Chorei a entrevista inteira mas consegui.

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La epidemia silenciosa

Según la Unesco, más de un 30% de los alumnos de sexto grado, en Costa Rica, son objeto de insultos, y un 21%, de maltrato físico

El mensaje debe ser claro y contundente en los centros educativos: el matonismo o acoso y cualquier otro maltrato no son “juegos de niños”

Tomas

Tomas

El año pasado, el Ministerio de Educación Pública (MEP) lanzó el “Protocolo integrado para la atención de situaciones de violencia en los centros educativos de secundaria”, y ahora lo hace en los de primaria. La estrategia de intervención incluye cuatro guías específicas sobre acoso, matonismo, bullying y ciberbullying; portación y uso de armas; utilización y tráfico de drogas, y violencia física, psicológica y sexual.

Como se ha demostrado en otros países, la definición de políticas claras en esta materia, así como su cumplimiento y verificación, es esencial para detener lo que se ha dado en llamar una “epidemia silenciosa”. La respuesta del MEP, que es oportuna, responde al alarmante incremento de este fenómeno en escuelas y colegios, así como a la demanda de los docentes y de diversos sectores profesionales y gremiales para disponer de un marco de abordaje institucional.

Desde hace una década, el bullying o matonismo le da nombre a la violencia escolar en todo el mundo, aunque apenas es una parte de este pernicioso síndrome social. En Estados Unidos y Europa se le conoce desde hace 40 años, y sus consecuencias, a corto y largo plazo, son espeluznantes. El problema en Latinoamérica es calificado como grave, por parte de la Unesco, que reveló en 2011 un estudio en el cual se calcula que más de un 30% de los alumnos de sexto grado, en nuestro país, son objeto de insultos, y un 21%, de maltrato físico.

Es una cuestión compleja porque involucra al sistema educativo, en clara desventaja frente a otras instancias de poder simbólico –como los medios de comunicación–, tanto como a la sociedad en su conjunto y en especial a la familia. Si bien es cierto que el aula se convierte en “un campo de batalla”, como señalan algunos especialistas, es la expresión de una batalla que excede el contexto escolar y que no puede resolverse exclusivamente en este ámbito.

Como expresó Leonardo Garnier, ministro de Educación, al presentar las guías “De nada sirve que en la escuela traten de resolver el problema con un enfoque integral si en la casa el papá le dice a su hijo: péguele de vuelta para que se haga hombre”. Durante mucho tiempo, la agresividad escolar estuvo contenida por las relaciones de poder profesor-alumno y por formas de maltrato socialmente aceptables, que iban de los apodos y las humillaciones a las palizas brutales. En la actualidad, sin embargo, parece no haber límites para la violencia.

El mensaje debe ser claro y contundente en los centros educativos: el matonismo o acoso y cualquier otro maltrato no son “juegos de niños” sino parte de una problemática mayor que debe incluir en su solución a todos los componentes de la comunidad educativa, tanto a docentes y alumnos como a padres de familia, autoridades y especialistas.

Una de las innovaciones propuestas por el MEP es superar la perspectiva del castigo y de la represión, que contribuye con el círculo de la violencia, para restituir el sentido básico de la convivencia ciudadana, en una sociedad que cada día es más diversa y, por tanto, expuesta a la exclusión debido al racismo, la xenofobia, las preferencias sexuales y diferencias que son esenciales en la niñez y la adolescencia, como la imagen física, el comportamiento y el éxito.

Los estudios actuales desnudan la cruda realidad del bullying, como un síndrome de intimidación y victimización que lesiona gravemente al menor de edad que lo padece y cuyas secuelas pueden experimentarse el resto de la vida. Sin embargo, como toda enfermedad social, es de doble vía. Los niños y niñas acosados pueden llegar a la depresión, las drogas e incluso el suicidio, pero los acosadores se encuentran en riesgo de sufrir trastornos psiquiátricos en la edad adulta y, por lo general, actúan de esa manera en la escuela motivados por situaciones de abuso.

Tal y como se anunció, la propuesta del MEP debe ser acompañada por un programa de capacitación para los docentes y personal administrativo que les permita utilizar las guías. A la vez, este programa debe ser evaluado para conocer sus resultados en la práctica.

Jornal La Nación

Filmes que inspiraram crimes na vida real. Inclusive um estupro na UFJF

Cenas do filme Irreversível. Repassadas em uma festa de calouros, este ano, no Instituto de Artes e Design da UFJF

Cenas do filme Irreversível. Repassadas em uma festa de calouros, este ano, no Instituto de Artes e Design da UFJF

 

Irréversible (IЯЯƎVƎЯSIBLƎ), ou Irreversível (br/pt), é um filme francês de Gaspar Noé lançado em 2002. Considerado um dos filmes mais controversos e perturbadores, principalmente a cena extremamente gráfica de estupro. Fora isso, a narrativa em ordem cronologica inversa e os ângulos e rotações que a camera faz servindo para separar cada cena, também colaboram para o desconforto dos espectadores.

Este filme inspirou o estuprador do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora, em abril último. Um crime motivado pela inveja, pela impunidade, pela devassidão. O desconforto de existir uma adolescente virgem de 17 anos, religiosa, filha exemplar, estudiosa, e que passou em cinco vestibulares, três universidades federais e duas particulares, mas escolheu o lugar errado para estudar: o Instituto de Artes e Design (AID). Um crime brutal, irreversível, na Minas Gerais dos estupros diários.

Irreversível, trailer do filme.

Veja uma lista de filmes que inspiraram crimes.