por Talis Andrade
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A vida um fardo
pesado fardo
que se carrega
por toda vida
quando se nasce
na classe baixa
para a vida fácil
dos lá de cima
Não há luta de classe
que mude a sina
o povo por baixo
eles por cima
por toda vida
por Talis Andrade
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A vida um fardo
pesado fardo
que se carrega
por toda vida
quando se nasce
na classe baixa
para a vida fácil
dos lá de cima
Não há luta de classe
que mude a sina
o povo por baixo
eles por cima
por toda vida
por Talis Andrade
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A morte vem
com estardalhaço
salva de girândolas
retreta na praça
A morte vem
num tremor de terra
quando se abrem
as sete bocas
do inferno
A morte vem
quando você
atravessa a rua
e tropeça que
no meio do caminho
tem uma pedra
no meio do caminho
uma pedra
um carro sem freios
um cavalo em disparada
A vida uma andança
e mais que se ande
nunca se passa
do meio do caminho
Pra quê pressa
come devagarinho
por Talis Andrade
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O passado não tem volta
mais que se tente reviver
um instante o que se sente
a vida não tem reprise
tudo acontece diferente
Nunca mais a mesma luz
o mesmo cheiro
o mesmo gosto
o mesmo som
ou silêncio
a mesma paisagem
os mesmos rostos
nunca mais
Tudo tão distante
neste instante
as lembranças são fotos
fora de foco
sombras
sonhos em preto & branco
O que não pode ser revivescido
termina esquecido
A vida é toda ela feita de mistérios, pelo menos para nós, humanos, que somos tão arrogantes e presunçosos de uma sabedoria que sequer possuímos. Desde a sua origem, que ninguém sabe com certeza qual e quando foi, até o seu desfecho (a morte), valemo-nos de complicadas teorias e fantasiosas hipóteses para tentar explicar aquilo que sequer entendemos (e que talvez jamais venhamos a entender).
Como é morrer, por exemplo? A consciência se perde com a decomposição do corpo ou fica em algum lugar? Se a resposta for positiva (e a verdade é que ninguém a tem de fato), onde ela permanece? Muitos juram que alguma parte de nós sobrevive, passa para outras dimensões e é eterna. Outros tantos, torcem o nariz a essa possibilidade, e ridicularizam os que crêem nela. Mas saber, com certeza, o que ocorre durante e após esse dramático desfecho, sem hora e lugar marcados, ninguém sabe.
Machado de Assis levanta uma interessante possibilidade, que permanece no terreno da especulação, mas que nem por isso deixa de ser válida. Escreve, em uma das suas crônicas: “Cada criatura traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro”.
Será? Há momentos “mágicos” em nossa vida, cuja magia não conseguimos definir e muito menos explicar, mas que sabemos que está ali, presente, viva e atuante. É alguma coisa que se passa fora do plano físico, em nosso íntimo, talvez no interior das nossas células, em algum ponto do cérebro, aguçando a sensibilidade ao extremo.
Aparentemente, esses instantes são como outros quaisquer, sem nada de especial. Independem dos acontecimentos. Não avisam quando vão ocorrer, simplesmente ocorrem. Sequer os delimitamos, em termos da data da ocorrência, já que somos tomados de surpresa. Mas são inesquecíveis.
Por que? É um mistério! Passados muitos anos, quando nos recordamos de tudo o que nos ocorreu (de bom ou de mau), são eles que nos vêm de imediato à memória, como uma luz, como uma inspiração, como um referencial ou como consolo nas horas de maior aflição.
Recordo-me, especificamente, de pelo menos cinco desses momentos “mágicos”, nitidamente, como se houvessem ocorrido hoje, a meros segundos, mas que aconteceram há várias décadas, há mais de meio século, tão ontem como se fora na própria infância do mundo.
O primeiro ocorreu quando eu tinha apenas cinco anos de idade. Foi em Horizontina, no Rio Grande do Sul, na casa do meu avô paterno, o saudoso Hilarion. Numa determinada manhã de início de verão de 1948, sentado na varanda do casarão, que dava para uma escada de madeira, tendo ao lado pés de mexerica (“bergamota”, para os gaúchos), de frente para um jardim florido que tinha, ainda mais adiante, a uns trinta metros, um vasto parreiral, senti uma espécie de “transfiguração”. Nunca soube explicar não somente a natureza, mas a morfologia desse fenômeno. Só sei que ele existiu e me deixou profundas marcas (positivas, é óbvio!).
O dia estava parcialmente nublado, mas não cinzento, com tímidos raios de sol filtrando por entre nuvens. A temperatura era bastante agradável, pois não fazia nem frio e nem calor. Eu estava sozinho, já que todos da casa cumpriam os seus afazeres normais.
Um cheiro adocicado de flor de laranjeira embalsamava o ar e o aroma era tão intenso, que causava uma espécie de embriaguez. Pássaros faziam uma algazarra enorme no meio das plantas, disputando sementes ou vermes para alimentar os filhotes, mas não se ouvia voz humana alguma quebrando a harmonia. Uma paz intensa desceu sobre mim.
Tive uma premonição de que, em breve, não veria mais esse lugar que tanto amava. Minha mente como que “fotografava” cada detalhe, cada nuance, cada objeto e cada pássaro e inseto ali presentes, que eu vira tantas vezes antes e nunca prestara atenção, mas que naquele instante pareciam importantes, transcendentais e únicos. De fato, poucos meses depois deixei minha terra natal para sempre, vindo para São Paulo, em busca do meu destino. Mas aquele momento “mágico”… jamais saiu-me da memória. Por que? Nunca saberei explicar!
O segundo desses instantes misteriosos viria a ocorrer seis anos depois, quando eu estava internado no Lar Escola São Francisco. Era, novamente, final de primavera, véspera do verão. Nesse dia, teríamos o exame de final de ano (estávamos em 1955), que me aprovaria para a quarta série ou me manteria na terceira.
Eu não havia estudado nada. Por causa de seguidas cirurgias, para corrigir seqüelas de uma poliomielite que me acometera, eu havia perdido pelo menos três anos de escola. Estava relativamente atrasado em relação aos companheiros. Ademais, começara a freqüentar aulas apenas em agosto.
Estávamos no pátio, esperando o início da prova, atrasado, já que, por alguma razão, o inspetor que iria supervisionar o exame não tinha chegado. Meus colegas brincavam… com bolinhas de gude, de pique, esconde-esconde ou amarelinha, lembro-me bem. Alguns, mais preocupados, cientes de que não estavam devidamente preparados, davam uma última olhadinha no caderno, na ilusão de reter, em cima da hora, o que não haviam aprendido em meses. Eu, simplesmente, apreciava meus companheiros.
Subitamente, a mesma “transfiguração”, ocorrida há seis anos, em Horizontina, se repetiu. Uma paz imensa desceu sobre mim. Os sentidos ficaram estranhamente aguçados, com sua capacidade bastante multiplicada. Via muito longe, para além do pátio, iluminado por um sol brilhante, em um céu de azul total.
Apesar da tensão, uma paz absoluta tomou conta de mim. Sentia que nada no mundo poderia me ameaçar e não havia o que temer. Ouvia risos distantes, a cinqüenta metros ou mais de distância e gritos e murmúrios de vozes. O aroma das flores, dos canteiros do pátio, embriagava-me.
Era um momento para reter na memória. E o retive. Mais do que isso… Como havia dito, não estava preparado para o exame e tinha convicção de que seria reprovado. Nem minha professora, dona Ester, acreditava que eu pudesse me dar bem. Não sei explicar o que aconteceu depois da tal “transfiguração”. Só sei que a minha prova foi a melhor da classe.
Tirei nota dez, com louvor, e de quebra ganhei uma medalha, que era como a escola estimulava a competição entre os alunos, os motivando a estudar. Como? Jamais saberei explicar. Será que alguém tem uma explicação plausível para isso? Duvido.
Recordo-me de pelo menos mais três desses instantes mágicos, misteriosos, inexplicáveis e maravilhosos. Certamente, minhas “duas almas” estavam alertas nesses momentos, mostrando-me o verdadeiro sentido da vida. Ou pelo menos revelando que o meu destino era ser “garimpeiro da beleza…”
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Estos son los discursos textuales pronunciados por el presidente Rafael Correa y el papa Francisco, a su llegada a Quito, en la pista del aeropuerto Mariscal Sucre.
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DISCURSO TEXTUAL DEL PRESIDENTE RAFAEL CORREA:
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“Bienvenido, papa Francisco, a nuestra América, a su América, a este tesoro de la Patria Grande, llamado Ecuador, que lo recibe con los corazones de todos los ecuatorianos desbordantes de alegría y esperanza.
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Bienvenido al país megadiverso más compacto del mundo.
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Por su ubicación geográfica, Ecuador es el ecocentro del planeta.
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Bienvenido a Quito, primer Patrimonio Cultural del Planeta y Capital de Sudamérica.
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Somos orgullosos de un mestizaje luminoso, somos geografía multicolor y tierra germinadora de pensamientos y acciones revolucionarias de quienes como usted, nos exasperamos por la injusticia y la exclusión.
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Ecuador ama la vida. Nuestra Constitución obliga a reconocer y garantizar la vida, incluido el cuidado y protección desde la concepción. Establece reconocer y proteger a la familia como núcleo fundamental de la sociedad y nos compromete profundamente a cuidar nuestra casa común, al ser la primera Constitución en la historia de la humanidad en otorgar derechos a la naturaleza. El 20% de nuestro territorio está protegido en 44 reservas y parques naturales. La gama multicolor de nuestra flora y fauna se complementa y enriquece más con la diversidad de nuestras culturas humanas. Tenemos además de una mayoría mestiza, 14 nacionalidades indígenas con sus correspondientes lenguas ancestrales, incluyendo a dos pueblos no contactados, que han preferido el aislamiento voluntario en el corazón de la selva virgen.
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Nuestra Constitución define al Ecuador como un Estado unitario, pero plurinacional y multicultural. Los argentinos muy orgullosos dicen ‘El papa es argentino’; mi querida amiga Dilma Rousseff, presidenta de Brasil, dice ‘Bueno, el Papa será argentino, pero Dios es brasileño’. Por supuesto que el Papa es argentino, probablemente Dios es brasileño, pero de seguro el paraíso es ecuatoriano’.
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Bienvenido, Su Santidad. Querido Santo Padre, el gran pecado social de nuestra América es la injusticia. ¿Cómo podemos llamarnos el continente más cristiano del mundo, siendo a su vez el más desigual? Cuando uno de los signos más recurrentes en el Evangelio es compartir el pan. Por eso los obispos latinoamericanos, reunidos en Puebla hace 40 años, nos decían ‘Vemos a la luz de la fe como un escándalo y una contradicción con el ser cristiano, la creciente brecha entre ricos y pobres’. Nos llamamos un continente de paz, pero la insultante opulencia de unos pocos al lado de la más intolerable pobreza son también balas cotidianas en contra de la dignidad humana.
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Usted, como un gigante moral para creyentes y no creyentes, nos dijo a los jefes de Estado reunidos en la Cumbre de las Américas en Panamá – cito – ‘la inequidad, la injusticia, la injusta distribución de las riquezas y de los recursos es fuente de conflictos entre los pueblos, porque supone que el progreso de unos se construye sobre el necesario sacrificio de otros, y que para poder vivir dignamente hay que luchar contra los demás. El bienestar así logrado es injusto en su raíz y atenta contra la dignidad de las personas’. Y agregó que mientras no se logre una justa distribución de la riqueza no se resolverán los males de nuestra sociedad. Nos insistió que la pobreza no se eliminará con limosnas, sino con justicia, al sostener que la teoría del goteo o del derrame se ha revelado falaz. No es suficiente esperar que los pobres recojan las migajas que han tirado los ricos.
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Por ello, con claridad, usted sostiene que tiene que exigirse la distribución de la riqueza. Estas injusticias claman al cielo. La fundamental cuestión moral en América Latina es precisamente la cuestión social, más aún si por primera vez en la historia, la pobreza y la miseria en nuestro continente, no son consecuencia de la falta de recursos, sino de sistemas políticos, sociales y económicos perversos.
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En ese maravilloso regalo que usted ha dado a la humanidad, su encíclica ‘Laudato si’, nos dice que la política no debe someterse a la economía y que necesitamos imperiosamente que la política y la economía en diálogo se coloquen decididamente al servicio de la vida, especialmente de la vida humana. Nos recuerda a todos los fieles que la tradición cristiana nunca reconoció como absoluto o intocable el derecho a la propiedad privada y subrayó la función social de cualquier forma de propiedad privada. Cita en su encíclica las palabras de San Juan Pablo II, quien nos visitó hace 30 años, cuando dice ‘Dios ha dado la tierra a todo el género humano, para que ella sustente a todos sus habitantes, sin excluir a nadie ni privilegiar a ninguno’ y que – añade – la Iglesia defiende sí el derecho a la propiedad privada, pero enseña con no menor claridad que toda propiedad privada grava siempre una hipoteca social para que los bienes sirvan a la destinación general que Dios les ha dado. Usted ha denunciado con fuerza la tragedia de la migración, la cual bien conoce nuestro país. No entiendo, Santo Padre, cómo los países ricos, muchos de ellos mayoritariamente cristianos, podrán justificar éticamente a la futuras generaciones la búsquedas cada vez mayor de mayor movilidad para mercancías y capitales, al mismo tiempo, que penaliza, e incluso criminaliza la principal de las movilidades, la movilidad humana. La solución, como tantas veces lo ha sugerido usted, no es más fronteras; es solidaridad, es humanidad, y crear las condiciones de prosperidad y paz que desincentiven a las personas a migrar.
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Vivimos, Santo Padre, una globalización inhumana y cruel, totalmente en función del capital y no de los seres humanos, ya que no busca no busca ciudadanos globales, sino tan solo consumidores globales. No busca crear una sociedad planetaria, sino tan solo crear mercados planetarios. Y que, sin adecuados mecanismo de control y gobernanta, puede destrozar países, como también lo menciona en su encíclica.
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Santo Padre, el orden global no solo es injusto, sino inmoral. Todo está en función del más poderoso y los dobles estándares cunden por doquier. Los bienes ambientales producidos por países pobres deben ser gratuitos; los bienes públicos, producidos por los países hegemónicos como el conocimiento, la ciencia y la tecnología, deben privatizarse y ser pagados. Usted en su encíclica cuestiona el estilo de vida de los países ricos por insostenible y antihumano. Y acertadamente nos habla de la deuda ecológica que estos países tienen con los países pobres. La mejor forma de enfrentar este injusto orden mundial es con la unidad de nuestros pueblos. La construcción de la Patria Grande es impostergable, talvez los europeos tendrán que explicar a sus hijos porqué se unieron, pero nosotros tendremos que explicarles a los nuestros porqué nos demoramos tanto.
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Santo Padre, en lo personal, jamás acabaré de darle gracias a Dios y a la vida por todos los privilegios que me ha dado. Entre ellos poder conocerlo y recibirlo en mi patria. El Evangelio dice ‘donde está tu tesoro, está tu corazón’. Tenga la seguridad que mi tesoro no es el poder, sino el servicio. Tener un país sin miseria, pero también sin lujuriosos derroches, un país que supere la cultura de la indiferencia, donde se acaben los descartables de la sociedad. En la cual trabajemos para los hijos de todos y así, juntos, alcancemos el Buen Vivir, el Sumak Kawsay de nuestros pueblos ancestrales.
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La doctrina social de la Iglesia nos dice que el bien común es la razón de ser de la autoridad política. Es ese bien común el que hemos tratado de construir en Ecuador desde hace ocho años, considerando –cito- ‘al prójimo como otro yo’, cuidando primero de su vida y de los medios para vivirla dignamente, como nos dice la Constitución Pastoral. La Conferencia Episcopal Latinoamericana, reunida en Medellín, nos decía hace casi medio siglo ‘el Episcopado Latinoamericano no puede quedar indiferente ante las tremendas injusticias sociales existentes en América Latina, que mantienen a la mayoría de nuestros pueblos en una dolorosa pobreza cercana en muchos casos a la inhumana miseria. Un zurdo clamor brota de millones de hombres pidiendo a sus pastores una liberación que no les llega de ninguna parte’.
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Gracias a Dios la Iglesia latinoamericana nos ha dado extraordinarios pastores, como Monseñor Óscar Arnulfo Romero, mártir de nuestra América recientemente beatificado por usted; nuestro Leonidas Proaño, el obispo de los indios, quien luchó por la verdad, por la vida, por la libertad, por la justicia, los valores del reino de Dios – como él los llamaba -. Nos dio un Hélder Câmara, ‘cuando doy de comer a los pobres me llaman Santo; cuando pregunto por qué hay pobres, me llaman comunista. Ahora esa iglesia nos la da usted, Francisco, el primer papa latinoamericano’, con su mensaje profético que si alguien quisiera callar, lo gritarán hasta las piedras.
‘
Bienvenido a su casa, Santo Padre”.
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DISCURSO TEXTUAL DEL PAPA FRANCISCO:
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“Señor Presidente, distinguidas autoridades del Gobierno, hermanos del Episcopado, señoras y señores. Amigos todos. Doy gracias a Dios por haberme permitido volver a América Latina y estar hoy aquí con ustedes, en esta hermosa tierra del Ecuador. Siento alegría y gratitud al ver la calurosa bienvenida, es una muestra más del carácter acogedor, que tan bien define a las gentes de esta noble Nación.
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Le agradezco, Señor Presidente, sus palabras. Le agradezco que sus consonancias con mi pensamiento, me ha citado demasiado. Gracias. A las que correspondo con mis mejores deseos para el ejercicio de su misión, que pueda lograr lo que quiere para el bien de su pueblo.
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Saludo cordialmente a las distinguidas autoridades del Gobierno, a mis hermanos Obispos, a los fieles de la Iglesia en el país y a todos aquellos que me abren hoy las puertas de su corazón, de su hogar y de su Patria. A todos ustedes mi afecto y sincero reconocimiento.
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Visité Ecuador en distintas ocasiones por motivos pastorales; así también hoy, vengo como testigo de la misericordia de Dios y de la fe en Jesucristo. La misma fe que durante siglos ha modelado la identidad de este pueblo y ha dado tan buenos frutos, entre los que se destacan figuras preclaras como Santa Mariana de Jesús, el santo hermano Miguel Febres, santa Narcisa de Jesús o la beata Mercedes de Jesús Molina, beatificada en Guayaquil hace treinta años durante la visita del papa San Juan Pablo II.
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Ellos vivieron la fe con intensidad y entusiasmo, y practicando la misericordia contribuyeron, desde distintos ámbitos, a mejorar la sociedad ecuatoriana de su tiempo. En el presente, también nosotros podemos encontrar en el Evangelio las claves que nos permitan afrontar los desafíos actuales, valorando las diferencias, fomentando el diálogo y la participación sin exclusiones, para que los logros en progreso y desarrollo que se están consiguiendo garanticen un futuro mejor para todos, poniendo una especial atención en nuestros hermanos más frágiles y en las minorías más vulnerables, que son la deuda que todavía América Latina tiene.
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Para esto, Señor Presidente, podrá contar siempre con el compromiso y la colaboración de la Iglesia, para servir a este pueblo ecuatoriano que se ha puesto de pie con dignidad. Amigos todos, comienzo con ilusión y esperanza los días que tenemos por delante.
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En Ecuador está el punto más cercano al espacio exterior: es el Chimborazo, llamado por eso al lugar ‘más cercano al Sol’, a la Luna y las estrellas. Nosotros, los cristianos, identificamos a Jesucristo con el Sol, y a la Luna con la iglesia y la Luna no tiene luz propia y si la Luna se esconde del Sol se vuelve oscura. El Sol es Jesucristo y si la Iglesia se aparta y se esconde de Jesucristo se vuelve oscura y no da testimonio. Que estos días se nos haga más evidente a todos la cercanía del sol que nace de lo alto, y que seamos reflejo de su luz, de su amor.
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Desde aquí quiero abrazar al Ecuador entero. Que desde la cima del Chimborazo, hasta las costas del Pacífico; desde la selva amazónica, hasta las Islas Galápagos, nunca pierdan la capacidad de dar gracias a Dios por lo que hizo y hace por ustedes, la capacidad de proteger lo pequeño y lo sencillo, de cuidar de sus niños y ancianos – que son la memoria de su pueblo-, de confiar en la juventud, y de maravillarse por la nobleza de su gente y la belleza singular de su país, que según el señor Presidente es el paraíso.
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Que el Sagrado Corazón de Jesús y el Inmaculado Corazón de María, a quienes Ecuador ha sido Consagrado, derramen sobre ustedes su gracia y bendición. Muchas gracias”.
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Ninguém Me Ama
Antônio Maria
Ninguém me ama, ninguém me quer
Ninguém me chama de meu amor
A vida passa, e eu sem ninguém
E quem me abraça não me quer bem
Vim pela noite tão longa de fracasso em fracasso
E hoje descrente de tudo me resta o cansaço
Cansaço da vida, cansaço de mim
Velhice chegando e eu chegando ao fim
VIDA NÃO VIVIDA
por Lara de Lemos
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Espero o fim da façanha.
O ocaso dos tiranos
a abolição dos mandatos
a bicicleta dos cegos
a vinda do ser biônico.
Espero o fim da patranha.
A supressão dos impostos
a queima das promissórias
a vitória nas diretas
o carnaval em agosto.
Espero o fim dos cucanhas.
Proibição das trapaças
manhãs de falas abertas
a praça para os profetas
o fim dos tecnocratas.
Espero o fim da esperança.
PRESENÇA
por Mario Quintana
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Para Lara de Lemos
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos…
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo…
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
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Leia “O inventário de Lara de Lemos – a herença de um tempo malsinado”
Celebração central do calendário litúrgico é a mais antiga e importante na Igreja Católica
A Igreja Católica celebra nas últimas horas deste Sábado Santo e nas primeiras de Domingo de Páscoa o principal e mais antigo momento do ano litúrgico, a Vigília Pascal, assinalando a ressurreição de Jesus.
Esta é uma celebração mais longa do que habitual, em que são proclamadas mais passagens da Bíblia do que as três habitualmente lidas aos domingos, continuando com uma celebração batismal e a comunhão.
A vigília começa com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal é abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo.
A inscrição das letras e do ano no círio são acompanhadas pela recitação da fórmula em latim ‘Christus heri et hodie, Principium et Finis, Alpha et Omega. Ipsius sunt tempora et sæcula. Ipsi gloria et imperium per universa æternitatis sæcula’ (Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente).
O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reaparece em vários momentos da missa como sinal de alegria.
A celebração articula-se em quatro partes: a liturgia da luz ou “lucernário”; a liturgia da Palavra; a liturgia batismal; a liturgia eucarística.
A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal.
A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.
A liturgia batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas.
Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal.
Nesse dia a Igreja toda guarda luto pela morte de Jesus. Neste dia se faz também a comemoração das Dores de Nossa Senhora. É uma celebração que relembra todos os sofrimentos de Nossa Senhora desde o nascimento de Jesus, culminando com a dor infinita à qual se viu exposto o coração de Maria, ao deixar seu divino Filho no sepulcro.
Por maior que seja a solidão que algum coração humano já sentiu, por certo, sequer aproximará do amargor, do infinito abandono que se apossou do coração da mãe do Divino Amor. Na Solene Vigília Pascal da noite será celebrada a Missa da Ressurreição. Essa missa é precedida pela bênção do Fogo Novo e do Círio Pascal, benção da água Batismal e Renovação das Promessas do Batismo.
Todos os fiéis devem levar velas.
Fogo: Sinal da presença de Deus na história, em suas manifestações de salvação. Ligado ao fogo, temos o círio pascal que aceso no fogo novo lembra o Cristo ressuscitado.
Luz: Símbolo da vida. Representa a presença de Cristo que é vida e oferece vida e salvação ao homem. Jesus atravessa as portas da mansão dos mortos, vencendo e trazendo a luz para a humanidade.
Água: Também é sinal da vida que é comunicada ao cristão quando ele renasce pelo batismo para um mundo novo.
A Pontifícia academia para a vida interroga-se sobre os cuidados paliativos
O reconhecimento do idoso como pessoa e a compreensão das suas necessidades de cura, à luz da natureza necessitada de cada ser humano: em volta destes dois eixos deve girar qualquer reflexão sobre os desafios da assistência à terceira idade.
É a convicção que se repete nas intervenções dos estudiosos cientistas e sacerdotes que na sexta-feira 6 de Março se reuniram no Vaticano para o workshop organizado pela Pontifícia academia para a vida, por ocasião da vigésima primeira assembleia geral.
Durante três sessões – duas de manhã e uma à tarde – relatores qualificados confrontaram-se sobre o tema da assistência aos idosos e dos cuidados paliativos, aprofundando as suas perspectivas ético-antropológicas e socioculturais.
Segundo o bispo presidente, Ignacio Carrasco de Paula, «só partindo de um olhar que reconhece a pessoa idosa como merecedora de ser amada, é possível falar de cuidados ao idoso, também no termo da vida».
Trata-se de um desafio, acrescentou, que se dirige a toda a sociedade: família, instituições, Estado.
De resto, «precisamos todos uns dos outros». Sobretudo os idosos, cuja assistência nunca pode ser «limitada a um ato de beneficência, ou pensada como uma concessão por solidariedade ou filantropia».
Devido a esta situação, concluiu, «também os cuidados paliativos devem ser reavaliados, e considerados não só como “cura da dor”, mas como manifestação de amor; de fato, o cuidando que se dá outro é restituído a si mesmo». L’Osservatore Romano
Um todo as vezes é múltiplo…
e as opções são três vezes mais do que uma só.
A vida pode ser vivida em três versões
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Fiquei a esperar que ela passasse entre as nuvens
e a chuva. Amanheceu tempestade por aqui.
Cheguei a contar brisa para o beija-flor enquanto ele brincava de banho.
Perdi a noção da palavra.
Alguém passou uma tarde inteira comigo ontem e eu não fiz chá.
Apenas fiquei como de costume, inclinada na janela, contemplando o que é poesia para mim.
Ela divaga sobre o que eu escrevi, e eu fico em silêncio.
Hoje foi apenas chuva, e o beija-flor a brincar de chuveiro no varal
depois disso, a solidão da manhã ganhou o dia e nem precisei molhar o jardim.