O ‘Vocabulário do Bem’ é fundamental no país que não vive sem eufemismos

por Moacir Japiassu

 

Quando Abel matou Caim
No Rio Grande do Sul,
Deu-lhe um quilo de beiju
Com as berada de capim
Nisso chegou São Joaquim
Que já vinha do quartel
Cumode prendê Abel,
Dois pedaço de costela…
Escrevi o nome dela
Com o leve do Azul do céu.
(Zé Limeira, “Poeta do Absurdo”.)

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O ‘Vocabulário do Bem’ é fundamental no país que não vive sem eufemismos

O considerado Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, organização dedicada ao combate à corrupção, velho amigo e leal companheiro na Istoé dos anos 1970, escreveu na Folha excelente artigo, intitulado BREVÍSSIMO VOCABULÁRIO DO BEM, o qual abriga parágrafos como estes:

— “Cultura da corrupção”. Expressão predileta de quem não tem o que dizer a respeito das causas da corrupção e de como combatê-la. Implica que seríamos todos corruptos, o que transforma a vítima em culpado e, de quebra, absolve empresários rapinantes, funcionários públicos ladrões e políticos meliantes.

— “Ética”. Expressão guarda-chuva para qualquer situação que envolva a moralidade e pedra fundamental da Educação Moral e Cívica do bem. Costuma ser usada em lugar de “moral”, pois dizer que “falta ética a Fulano” soa menos ofensivo do que dizer “Fulano é imoral”.

Leia a íntegra aqui.

 

O problema

Do considerado Carlos Heitor Cony em sua coluna da Folha:

“(…)Temos dramáticos e hereditários problemas para resolver nas áreas econômica, social e política. Mas nenhum deles me preocupa, ao menos no momento.

É que sofro problema maior, prioritário, que considero o mais grave de todos, pois somente com a sua solução poderei combater os demais problemas.

Este meu problema é simples e não prejudica nem dona Dilma nem a base aliada: é impedir que o Fluminense venda o Fred para a China.”

 

Verídico

O considerado Malthus Alberto de Paula, jornalista e escritor dos melhores deste país, é também economista, e, se não bastasse, se transformou no maior advogado do Brasil. É velho amigo e companheiro no Correio de Minas de 1962 e conta, no Blogstraquis, uma breve porém muito interessante e verídica história ocorrida no fórum de Belo Horizonte.

 

Transcrevi trechos do Jornal da ImprenÇa

UM LUGAR DESLUMBRANTE!​

Recomenda Moacir Japiassu, escritor, jornalista e romancista:

Recebi este vídeo do considerado Eduardo Almeida Reis, jornalista e escritor do primeiríssimo time e melhor cronista diário da imprensa brasileira, que o recebeu do Paulinho Saturno.

Reserve alguns minutos e curta em tela cheia e em HD as belezas da natureza neste vídeo.

Com certeza, você vai gostar e muito desta belíssima produção sueca!

A leitura facilitada de Machado de Assis e o inferno ou paraíso dos canhotos

Na minha infância, no Ginásio de Limoeiro do padre Nicolau Pimentel, a angústia de presenciar a malvadeza de uma professora, na aula de caligrafia, obrigar um coleguinha canhoto a escrever com a mão direita.

Tudo indica que desconhecia que eram canhotos:

Albert Einstein

Albert Einstein

Picasso

Picasso

Charlie Chaplin

Charlie Chaplin

Para o judaísmo e o cristianismo, o lado esquerdo seria o lado feminino, em oposição ao direito, masculino. Sendo fêmea, a esquerda é igualmente noturna e satânica; e a direita, diurna e divina. Assim, na missa negra, o sinal da cruz é feito com a mão esquerda.

No Juízo Final, a esquerda é a direção do inferno; a direita, do paraíso. O diabo marcava seus seguidores no lado esquerdo do corpo. A esquerda, o sinistro, o nefasto, o  mau agouro.

Escreve Moacir Japiassu no Jornal da ImprenÇa:

 

 CANHOTOS

A considerada Anna Carolina Japiassu, Carol para todos os amigos, estudante de 12 anos, e, por uma dessas coincidências impressionantes, neta do colunista, escreveu no blog:

“O Mundo Direito rejeita os errados

Esse é um post dedicado a gente como eu: Os Errados.

Pessoas que eram, no começo dos tempos, consideradas bruxas e demônios.

Pessoas que representam entre 5 e 15% da população mundial.

Com vocês… Os canhotos.

(…) Desde sempre, eu penso que o mundo é injusto com quem escreve com a mão esquerda (e com os escorpianos também… mas isso não vem ao caso agora).

Vou apresentar uma lista de superstições, uma lista de dificuldades que parecem bobas mas não são, uma lista de personagens canhotos e uma lista do que as pessoas costumam dizer quando me vêem escrevendo com a mão esquerda. Vamos lá:

(Leia a íntegra aqui)”

O tio-avô, jornalista, publicitário e poeta Celso Japiassu leu e escreveu:

“…) viste como é talentosa a tua neta Carol? O texto que ela escreveu sobre os canhotos é um primor de criatividade, com estilo e bom gosto.”

Machado de Assis era canhoto

Machado de Assis era canhoto

Escritora reescreve Machado de Assis e Janistraquis cai de cama com febre alta

Professora aposentada em São Paulo, a considerada Janice Carmela de Freitas envia de sua “casa-biblioteca” no bairro de Perdizes a matéria da Folha intitulada Escritora muda obra de Machado de Assis para facilitar a leitura, a qual começa assim:

“Entendo por que os jovens não gostam de Machado de Assis”, diz a escritora Patrícia Secco. “Os livros dele têm cinco ou seis palavras que não entendem por frase. As construções são muito longas. Eu simplifico isso.”

Ela simplifica mesmo: Patrícia lançará em junho uma versão de “O Alienista”, obra de Machado lançada em 1882, em que as frases estão mais diretas e palavras são trocadas por sinônimos mais comuns (um “sagacidade” virou “esperteza”, por exemplo”.)

A mudança não fere o estilo do escritor mais celebrado do Brasil, diz Patrícia. “A ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil.”

Janistraquis leu e desabafou, antes de cair de cama com febre de 41 graus:

“Mesmo no Brasil, que é o país de todos os absurdos, isso é o supra-sumo do desrespeito. Como alguém que ainda não está internado num hospício pode ‘reescrever’ Machado de Assis? Para ‘facilitar a leitura’? Ora bolas, uma obra literária não é somente a história, o enredo, a trama, mas, evidentemente, a forma, esta que é a criação maior do escritor!!!”

Eu, que num de meus romances tive verso de Camões “reescrito” por abilolado revisor, adoraria que a escritora reescrevesse também Guimarães Rosa, pois quase ninguém das redes sociais sabe o que é um Grande Sertão, e, muito menos, “quem são” as tais Veredas.

Leia aqui a íntegra da matéria da Folha enviada pela professora.

 

Obama, outro canhoto famoso

Obama, outro canhoto famoso

 

Toda sexta-feira 13 é considerada dia de azar. Internacionalmente, 13 de agosto é o dia dos canhotos.

Toda sexta-feira 13 é considerada dia de azar. Internacionalmente, 13 de agosto é o dia dos canhotos.

Lamentamos informar que a tal “vida simples” do interior é apenas ilusão

por Moacir Japiassu

 

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Famílias trocarama cidade pelo campo parater uma vida simples

Janistraquis sorriu:

“Até a ‘filósofa’ Marilena Chauí, musa do PT que odeia a classe média, teve pena de tamanha pureza d’alma; não existe mais a tal vida simples”.

É verdade; vida rural é difícil e cada vez mais perigosa. Há algum tempo, Odilon, amigo nosso, seguia a pé do sítio para a cidade, como todos os dias, quando foi assassinado no meio da estrada Cunha-Paraty a golpes de barra de ferro. Nunca acharam o bandido que cometeu a maldade contra um homem bom, que andava sem dinheiro no bolso e não tinha armas.

Há alguns meses, Geraldo Bernardo, comerciante aqui ao lado do Maravalha, foi atacado a pauladas no instante em que encerrava o expediente, no início da noite; os bandidos, três menores de idade, também invadiram a residência, que ficava em cima do armazém, e mataram a facadas a mulher dele, dona Nair. “Apreendidos”, como dizem os trouxas, os bandidos devem ter sido beneficiados pela folga da Semana Santa.

A vida no meio do mato se transformou num pavor diário. Nossos sítios e chácaras são cercados por apenas três, quatro fios de arame farpado, e, se o bandido não pula por cima, arrasta-se por baixo ou então mete o alicate e passa do mesmo jeito. Ter cachorro é a mais inocente das ‘providências’.

A segurança talvez esteja nas armas de fogo e na disposição de atirar até nas sombras da noite. Janistraquis vai tentar contato com Marcola para ver se compra, a prazo, é claro, uma metralhadora e algumas granadas para esticar um pouco mais a vida simples desejada pela classe média de Marilena Chauí.

Aventura sindical

 por Moacir Japiassu

Ilustração Menekse Cam

Ilustração Menekse Cam

O considerado Talis Andrade, jornalista de escol e um dos mais inspirados poetas do Brasil, envia um, como direi, desabafo de seu refúgio no Recife:

(…) fui anticandidato a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco, e tive quatro votos dos cinco mil filiados.

Topei a parada para ter motivação para meter o pau nos pelegos. Foi uma eleição comandada pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, única no mentiroso nome, que existem mais outras cinco ou seis centrais para comer o imposto sindical, que arrecada, na marra, mais de 2 bilhões de reais, e ninguém presta contas dessa dinheirama. Eta Brasil corrupto!

(Leia no Blogstraquis a íntegra do desabafo do Talis.)

Desacordo português

por Woden Madruga

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João Pereira Coutinho é um jornalista e escritor português que escreve, semana sim semana não, na Folha de S. Paulo. Tem espaço reservado também no Correio da Manhã, de Lisboa, um dos mais importantes jornais de Portugal. Tenho-o entre os meus cronistas preferidos. Escreve sobre tudo. Ou quase. De Shakespeare a futebol passando por Woody Allen, Saramago, Nelson Rodrigues, Darcy Ribeiro, Elias Canetti, Mário de Andrade, Lula. Na pauta: literatura, cinema, política, gastronomia. As coisas que acontecem no mundo vistas pela sua ótica crítica, polêmica às vezes, e com pitadas de fina ironia. Aqui e acolá, sarcástico. Leitura agradável, do saber e do sabor de ser bom jornalista. Algumas de suas crônicas estão reunidas no livro “Av. Paulista”, publicado pela Editora Record, em 2009, ocupando um lugarzinho bem à vista na minha estante.

Esta semana, foi terça-feira, ele  escreveu sobre o complicadíssimo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, invenção de acadêmicos que não pegou, tantas vezes adiada a sua aplicação. Era para entrar em vigor em todos os países de língua portuguesa em 2009. Não foi. Pegue adiamentos. Portugal não quer nem ouvir falar desse “acordo”. Basta ler os seus jornais ou os livros de seus escritores. Lá vale a ortografia antiga, como deveria valer aqui também. Por estes brasis já tem até  dicionários com a “nova ortografia”. Mas a sua obrigatoriedade foi adiada mais uma vez. Tem um decreto assinado pela presidente Dilma, transferindo  a coisa para 2016.

Bom, o assunto foi o tema da última coluna de João Pereira Coutinho, cujo título já diz tudo. Ou quase: “O aborto ortográfico”. Deveria ser lido por todos aqueles que gostam e são fiéis ao falar de nossa gente. Transcreverei algumas passagens do artigo, que começa assim:

– O acordo ortográfico é conhecido em Portugal como um aborto ortográfico. Difícil discordar dos meus compatriotas. Basta olhar em volta. Imprensa. Televisões. Documentos oficiais. Correspondência privada.

– Antes do acordo, havia um razoável consenso sobre a forma de escrever português. Depois do acordo, surgiram três “escolas” de pensamento. Existem aqueles que respeitam o novo acordo. Existem aqueles que não respeitam o novo acordo e permanecem fiéis à antiga ortografia.

– E depois existem aqueles que estão de acordo com o acordo e em desacordo com o acordo, escrevendo a mesma palavra de duas formas distintas, consoante o estado de espírito – e às vezes na mesma página.

– Disse três “escolas”? Peço desculpas. Pensando melhor, existem quatro. Nos últimos tempos, tenho notado que também existem portugueses que escrevem de acordo com um acordo imaginário, que obviamente só existe na cabeça deles.

Adiante, João Pereira Coutinho ressalta:

– Felizmente, não estou sozinho nestas observações: Pedro Correia acaba de publicar em Portugal “Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico” (Guerra & Paz, 159 págs). Atenção, editores brasileiros: o livro é imperdível.”

E por aí vai o JPC. Seu artigo merece ser lido por inteiro. Precisa ser lido. É uma crítica perfeita a essa imposição e empostação acadêmica, empurrada pela goela abaixo dos patrícios brasileiros, portugueses, angolanos, cabo-verdenses, moçambicanos. Mais a gente de Timor-Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, todos falando e escrevendo seu português com sotaques e cacoetes legítimos  e deliciosos. Às vezes, engraçados.

Carlos Peixoto, diretor de redação de TN, acaba de chegar de uma viagem por Portugal, o que ele faz quase todos os anos. Gentilíssimo, me trouxe de Lisboa o último livro  de Antonio Tabucchi (aliás, edição póstuma), escritor italiano que traduziu Fernando Pessoa, levando a sua poesia para a Itália. Título do livro “Viagens e outras viagens”, com o selo da Editora D.Quixote, tradução de Maria da Piedade Ferreira, a companheira do escritor.

Pois bem, já que estamos papeando sobre acordos, desacordos e abortos ortográficos, vale destacar aqui, a ressalva que a D. Quixote faz na ficha catalográfica do livro: “Por vontade expressa dos herdeiros do autor, a tradução respeita a ortografia anterior ao actual acordo”.

Aliás, nessas viagens de Antonio Tabucchi pelo mundo há uns desvios e paragens pelo Brasil. Como diria aquele meu amigo paraibano, de Cuité, “pense” num livro gostoso de ler, este do Tabucchi.

 

Coloquei o mapa como provocação. Sou pelo acordo. Admiro e sou amigo de Woden Madruga, que considero o maior cronista do Brasil da atualidade. Outro grande jornalista que é contra: Moacir Japiassu, que escreveu os principais romances sobre as “revoluções” brasileiras no século passado: a de 30, Concerto para Paixão e Desatino; e a de 64, Quando Alegre Partiste.

Curiosamente, Woden, que tem mais de meio século de crônicas diárias, teima em não publicar nenhum livro.

A curiosa e verdadeira origem da palavra “baitola”

por Moacir Japiassu

Francis Reginald Hull

Francis Reginald Hull

Mestre Roldão revela a curiosa e verdadeira origem da palavra “baitola”

Diretor da sucursal do Jornal da ImprenÇa em Brasília, de cujo varandão desbeiçado sobre as vicissitudes deste mundo ele enxerga as tantas renúncias e abnegações da capital deste país, o considerado Roldão Simas Filho encostou jornais e revistas e despachou para a sede o seguinte e curioso suelto:

Quem nunca ouviu o palhaço Tiririca chamar algum companheiro de cena pela alcunha de “Baitola”?!

Na linguagem coloquial, baitola, viado e gay têm o mesmo significado: trata-se de um homossexual.

A palavra “baitola” surgiu no Ceará, na segunda década do século 20. Vamos à história:

Por volta de 1913, chegou ao Ceará o inglês de nome Francis Reginald Hull, o conhecido Mr Hull (pronuncie-se mister ráu), que deu o nome a uma famosa avenida na cidade de Fortaleza-CE.

Mr Hull fora designado superintendente de uma Rede Ferroviária no Ceará e passou, em muitas situações, a fiscalizar algumas obras de construção e reparo na própria Ferrovia.

Mr Hull era homossexual assumido. Quando ia pronunciar a palavra “bitola”, que significa a distância entre dois trilhos, pronunciava “baitola”.

Quando ele se aproximava de onde estavam os trabalhadores, estes, que não gostavam do modo como eram tratados pelo chefe, diziam: “Lá vem o baitola, lá vem o baitola”.

A partir daí passou-se a associar a palavra baitola ao homossexualismo masculino.

Baitolagem também é cultura!


Leia mais aqui

A LEI DO SILÊNCIO

de Talis Andrade

O temor de falar das cousas

que tocam o coração

De ser fichado como louco

preso em uma camisa-de-força

O temor de falar dos ideais

e dos pequenos devaneios

Todo mundo se fecha

a sete chaves

pelo receio

de perder a cabeça

Seleta de Moacir Japiassu publicada no Comunique-se e no Antes que eu me esqueça

LANCE

O lance é um momento raro e inesquecível. Pela beleza e eroticidade.

Pura poesia o encanto das coxas de uma fêmea. Apenas avistar. De re-lance. Isto é, rapidamente, momentaneamente.

De Audálio Alves, o poema “Lance”:

Chegas do ar

e pousa como um X.

Sentas

e acompanha-te um percurso de alamedas.

Quando sentas,

                            assim

és só paisagem.

De Janistraquis, alter ego de Moacir Japiassu, a “Aldravia“:

rolas
surdem;
moças,
fechem
suas
pernas

Creio que ficou entendido que lance não tem nada a ver com calcinha ou

sem calcinha

Flávia Alessandra

Flávia Alessandra

Chifre inconsútil

Transcrevo da Coluna Jornal da ImprenÇa, assinada por Moacir Japiassu

 

O considerado Antonio Torres, um dos maiores escritores do Brasil, envia de seu refúgio na serra fluminense esta suave piadinha para alegrar os leitores:

O telefone toca, à noite…

 

Marido:

 

– Se for pra mim, diga que não estou em casa.

 

Mulher atende e diz:

– Ele está em casa.

 

Marido:

– Droga!!

 

Mulher:

– …Era pra mim…