Reportagem de Edward Pimenta recorda meus tempos de foca no Jornal do Comércio do Recife. Formávamos a equipe de repórteres especiais – eu, Anchieta Hélcias, Cristina Tavares e José Carlos Rocha. Zé e Cristina tinham um namoro escondido. Foi quando esteve no Recife o casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beuavoir. Escalado por Abdias Moura para a cobertura, mas Cristina pediu para ir no meu lugar. Alegou que sabia falar francês fluentemente, o que era verdadeiro.
Sartre e Simone viviam um casamento aberto, e gostavam de contar um para o outro, através de cartas, as aventuras amorosas. Também praticavam o ménage à trois. O primeiro caso deles uma aluna de Simone, Olga Kosakiewicz, que morou primeiro na casa de Simone, depois na casa de Sartre.
Na segunda metade dos anos 40, Simone teve um caso com o escritor americano Nelson Algren. Nos anos 50, Simone entrou numa relação com Claude Lansmann, um jornalista de 17 anos. E Sartre passou a ter relação com uma judia algeriana, Arlette Elkam, também de 17 anos.
Em 60, quando Sartre e Simone apareceram no Recife, e Cristina estava na beleza dos 30 anos, era uma ruiva linda, e parecia que tinha muito menos. Só quando Cristina morreu em 1992, com 55 anos, descobri que eu era mais jovem três anos.
Cristina ficou de cicerone do casal, e uma noite, toda contente, contou que teve um caso. Perguntei: – Com quem? – A dois ou a três? Ela sorriu. Não demorou um mês, alegremente, falou que estava se correspondendo com Simone e Sartre.
Este carteado devia ser publicado.
ANÁLISE SEMIÓTICA DE SIMONE DE BEAUVOIR
por Edward Pimenta