Eu chuva poesia de Mauri König

Hoje choveu bastante em Curitiba
O que não é novidade
Todos sabem
Curitiba é feita de chuva
A chuva de hoje, no entanto
Fez brotar em mim um espanto
Eu queria ser a chuva
Ela vem e vai quando quer
Ela nos lava a alma
Nos suja de barro
Estraga sapatos
Desarranja cabelos
Mas faz brotar uns sentimentos…
Que, sei lá, nos põem doidos varridos
Eu queria ser chuva
Queria poder chover onde quisesse
Sem medidas nem restrições
Eu queria chover a cântaros
Molhar todas as almas para além dos corpos
Queria lavar a alma suja de toda gente
Queria lavar a minha alma encardida
Queria regar a infância
A infância perdida de quem já não brinca na chuva
Queria escorrer pela sarjeta
E levar para o fosso toda a sujeira do mundo
A chuva que choveu hoje
Fez brotar em mim um espanto
Queria me multiplicar em um trilhão de gotas
Esses trilhão de coisas que imagino ser
Viver a ilusão da liberdade
A liberdade enquanto bailo no ar
Ao sabor dos ventos
Até encontrar a realidade do chão
O chão de cimento
(onde foram parar as ruas de terra da minha infância?)
A chuva de hoje foi mais real que a de ontem
Era linda e no entanto
Fez brotar em mim um espanto
Não posso ser chuva
Eis que sou barro

De Mauri König

Soneto da plenitude

 

 

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Amei-te por inteiro, repleto, pleno e cheio
Para quem ama, meio amor não basta
Amei-te por completo, no todo, sem receio
Para quem ama, toda esperança é vasta

Todo amor comum é dado a qualquer um
Mas só a um se concebe o esplendor
Se a todos se dá todo amor comum
Só a um se consagra o dom da dor

Não contenta o meio ante a plenitude
Amor requer esforço; pouco não, muito sim
Exige ir além dos limites da finitude

Alto é o custo, negócio de amor é assim
Quem ama carrega consigo a inquietude,
A certeza de que dor de amor é dor sem fim

Para um jornalista brasileiro, a dura realidade após o exílio

Por Mauri König/ Jornalista invitado del CPJ

 

Mauri König

Sempre fui convicto de que o jornalismo é um instrumento transformador de pessoas e de realidades. Creio nesse ofício como um meio de mudanças, ainda que isso implique em algum risco. Já fui espancado quase à morte e tive de mudar de cidade em outra ocasião por ir ao limite de minhas possibilidades em busca da verdade em que acredito. Mas nada é mais triste do que o terror psicológico imposto por um inimigo onisciente e onipresente. Um inimigo invisível que se esconde no anonimato e é capaz de nos tirar o convívio da família e a liberdade de movimentos.

Não imaginei chegar a esse nível de tortura psicológica ao coordenar a equipe da Gazeta do Povo que revelou a corrupção na Polícia Civil do Paraná, um dos estados mais ricos do Brasil. As ameaças de metralhar minha casa se estenderam à minha família. Durante cinco dias tivemos de mudar de hotel várias vezes, protegidos por guarda-costas. Meu filho de 3 anos foi quem mais sofreu com a rotina de tensão e medo. Minha mulher se recusou a ir comigo para o exílio no Peru. Preferiu ficar distante de mim, o alvo das ameaças. Não a julgo. Ela pensou antes na segurança do nosso filho.

Durante dois meses fui acolhido em Lima graças à generosidade do Comitê de Proteção aos Jornalistas e do Instituto Prensa y Sociedad, com apoio da Gazeta do Povo. Esse exílio forçado me levou a mil reflexões. Como é difícil tomar decisões quando se está sozinho, longe de casa. Mas era preciso tomar decisões, ainda que por e-mail ou pelo Skype. Foi assim, à distância, que recebi de minha mulher a notícia de que ela ficaria de vez na cidade onde se refugiou após as ameaças. De volta ao Brasil, tento aceitar a distância de mais de mil quilômetros do meu filho.

Vejo com uma boa dose de angústia a repetição de um drama pessoal. Em 2003, tive de me mudar de Foz do Iguaçu para Curitiba por causa de ameaças após uma reportagem revelando o consórcio do crime formado por policiais e ladrões de carros na fronteira do Brasil com o Paraguai. A mudança me impôs uma distância de 700 quilômetros dos meus dois filhos mais velhos, do primeiro casamento. Nada mais triste do que um pai não poder desfrutar do convívio com os filhos, não poder acompanhar seu crescimento. Uma história que agora se repete com meu filho mais novo.

A intenção com essas reportagens era revelar o que as pessoas têm o direito de saber, de forma a plantar uma semente de indignação em cada uma delas, para que cada uma, dentro de suas possibilidades, pudesse fazer algo para melhorar a realidade de todos à sua volta. Eu só não imaginava que isso fosse impactar de forma tão negativa a realidade das pessoas mais próximas a mim. Espero, sinceramente, que ninguém mais precise pagar um preço tão alto por acreditar que o jornalismo é um instrumento para melhorar nossa realidade, por revelar injustiças, delatar governos corruptos, expor uma polícia arbitrária.

Isso não se faz: prender banqueiros

lucro bancos remessa

 

Perigo para a ordem pública no Brasil é denunciar as chacinas da polícia do Governo de São Paulo.

Perigo para a ordem pública é denunciar a jogatina à Carlinhos Cachoeira dos delegados caça níqueis do Governo do Paraná.

Perigo para a ordem pública é soltar o periculoso jornalista Ricardo Antunes.

Banqueiro é uma profissão sem risco no Brasil. A Filândia não prende, não ameaça e não mata jornalistas. Resultado:

Condenados los primeros banqueros por la crisis financiera

Un tribunal de Reikiavik ha condenado a nueve meses de prisión a los dos máximos responsables del banco Glitnir, el primero de las tres mayores entidades financieras que quebró y que tuvo que ser intervenida, y que provocó una profunda crisis en el pequeño estado del Atlántico norte.

Se trata del ex consejero delegado del banco Larus Welding, y de uno de sus más estrechos colaboradores en la entidad, Gudmundur Hjaltason, que fueron acusados de fraude por haber concedido prestamos con un elevado riesgo y que acabaron provocando la quiebra de la entidad. Son los primeros banqueros que son condenados por la crisis financiera.

En septiembre de 2008, los tres mayores bancos islandeses (Glitnir, Landsbanki y Kaupthing) quebraron consecutivamente por su voluminosa deuda, y arrastraron al país a su mayor recesión en seis décadas. Su rescate obligó a que el país pidiera ayuda financiera al FMI, a cambio de un severo plan de ajuste. Larus Welding fue arrestado hace un año por orden del fiscal especial que se encarga de las investigaciones por las causas de la crisis financiera.

El tribunal ha condenado a los dos directivos bancarios por haber aprobado un préstamos de 102 millones de euros sin las suficientes garantías a una sociedad tenedora de acciones de Glitnir, para que ésta a su vez pudiera pagar una deuda con Morgan Stanley. Aquella operación se realizó vulnerando las propias reglas de la entidad, elevó considerablemente los riesgos del banco, y acabó provocando unas pérdidas de 53,7 millones de euros.

Aunque han sido condenados, la pena impuesta a los dos directivos de Glitnir está muy por debajo de lo que el fiscal especial había pedido para ellos: cinco años y medio de prisión para Welding, y cinco años para Hjaltason.

En abril pasado, el ex primer ministro islandés , Geir Haarde, fue declarado inocente por la Justicia de su país tras ser acusado de no haber hecho lo suficiente para impedir la bancarrota del sistema financiero.

En el juicio, Haarde negó responsabilidades en la quiebra bancaria sufrida por Islandia en 2008, alegando que no disponía de información al respecto. La sentencia del Landsdómur (un tribunal especial) exculpó a Haarde de tres de los cuatro cargos de que estaba acusado, aunque lo condenó por haber violado la ley sobre la responsabilidad de los ministros al no convocar reuniones del Consejo de Ministros para analizar la situación.

La Radio del Sur
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