Como escalar a beleza misteriosa do Monte Roraima


 

 

Vista do alto do Monte Roraima

Vista do alto do Monte Roraima

No Monte Roraima, piscinas naturais de água límpida e cristalina com fundo de cristais de quartzo em meio às formações rochosas do topo, a 3.000 metros de altitude. Esta paisagem, encrustada na fronteira entre a Venezuela e o Brasil, inspirou o escritor britânico sir Arthur Conan Doyle a escrever seu livro O Mundo Perdido. Aí também se encontra a mais alta cachoeira do mundo, denominada Salto do Anjo, com 979m de altura. (Rep/Nehemias Gueiros/FB – do Rio de Janeiro)

 

Boa vista (Brasil) – Pacaraima (Brasil) – Santa Elena de Uairén (Trek ao Monte Roraima)

O Monte Roraima não é uma montanha tradicional, de formato cônico, cujo topo é muito menor do que a área da base. Ele é um tepui, assim como o outro monte ao lado. Um tepui, formação muito comum na Venezuela, é uma montanha com a parte de cima em formato de mesa, um platô. Portanto, esse tipo de formação montanhosa possui a área do topo praticamente igual à da base e, entre os dois, no caso do Monte Roraima, são quase 1000 m de altura que emergem da terra em formações semelhantes a falésias. É realmente muito bonito! O verde alcança até o paredão do monte que, em seguida, sobe imponente, na rudeza da pedra, em direção ao céu, reto e igualmente por todos os lados.

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A primeira impressão que tive era de que a paisagem parecia o solo lunar, sem terra, mas formado apenas de pedras cor de carvão, que se confundiam com a névoa cinza da manhã. O solo de todo o platô é constituído de rochas enegrecidas e parece que todo o topo do monte, erigido da terra há milhões de anos, é somente uma enorme pedra e não lembra em nada a floresta exuberante ou a savana que se estendem aos seus pés. É realmente um lugar único que, sem surpresa, tenha inspirado o livro “O Mundo Perdido”, de 1912, do escritor Arthur Conan Doyle. Entretanto, apesar de me lembrar a lua, a paisagem não é morta; pelo contrário, das fissuras entre as rochas negras, brotam uma variedade enorme de pequenos arbustos musguentos, resistentes bromélias, flores exóticas e plantas carnívoras que se adaptaram ao alto índice pluviométrico e diferentes condições geológicas da região. Entre as pedras, também surgem muitas poças d’água que refreiam nossa passagem e evidenciam a irregularidade do terreno. A fauna também se mostra heroica, num desfilar de insetos e anfíbios, como um lindo mini-sapo preto que todos quisemos tocar.

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Caminhamos bastante, entre inusitadas formações rochosas, como pedras em forma de pênis e torres de catedrais; subimos, descemos, passamos por cachoeiras, vales, grandes lagos, clareiras, paredões de pedra, desfiladeiros. As formações geológicas do Roraima datam de milhões de anos, incluindo-se entre as mais antigas do planeta e, de fato, elas são impressionantes.

No Vale dos Cristais, o chão é forrado de branco, devido aos cristais de quartzo presentes ali. O guia logo nos advertiu a não pegar nenhum como souvenir, pois ele poderia ser severamente punido caso fosse encontrado um cristal na inspeção das mochilas, na saída do parque. O casal de franceses imediatamente devolveu as pedrinhas ao chão.

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Continuamos através de galerias e monumentos de pedra até chegar à beira do abismo, bem do lado do monte que nós víamos do segundo acampamento, o da base. Nesse momento, o grupo sentia-se um pouco frustrado por causa da forte neblina que impedia a visão do horizonte. Porém, já tínhamos experimentado, naquela mesma manhã, desde garoa e frio até sol escaldante e tempo claro. Assim, como o clima é algo que muda drástica e rapidamente no topo do Monte Roraima, permanecemos ali por alguns minutos, esperando que a névoa se dissipasse e o tempo mudasse novamente a nosso favor. Sem demora, o sol começou a apontar de novo e a Gran Sabana pode ser admirada abismo abaixo, através das nuvens, com todos os seus tons de verde e as ondulações das montanhas. À beira do precipício, eu sentia uma satisfação íntima por ter conseguido. Estar ali era lindo e tinha valido a pena!

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