(trechos)
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O Recife de Ângelo Monteiro
o Recife que viveu em mim
e não o que eu vivi
De Clara Angélica
a metrópole libertina
Recife farta
sozinha
condenada à sedução
De Carlos Pena Filho
Recife cruel cidade
águia sangrenta leão
ingrata para os da terra
boa para os que não são
Desconfiada Recife
dos que nasceram aqui
que toda madrugada
se mata um a faca fria
se mata dois a tiros
se mata três na tortura
até que se elimine
o último da lista
da chacina
—
Poesia Alheia, in A Partilha do Corpo, p. 129