GEOPOLÍTICA

por Talis Andrade

 

indignados polícia livro

 

De quarentena os poetas

que dedilham as cordas do lirismo

poetas amarelados doentios

chorando nos bares

as pobres rimas

chorando e gemendo as dores

de sifilíticos amores

 

Degrada de tua porta

os poetas os profetas

semeadores dos vírus

subversivos

 

Queima os livros

que te desagradam

e degradam a pureza

o idealismo dos jovens

Fecha os jornais

nanicos e derrotistas

 

Leva à execração pública

todos os artistas

efeminadas criaturas

incuráveis parasitas

incapazes de ações guerreiras

incapazes de atos heróicos

indignos de vislumbrarem

mil anos de Reich

 

Cerca o gado

nos guetos

cerca o gado

nos campos de concentração

 

Que nenhuma voz

se escute

a não ser

para a louvação

da augusta beleza

do amado Führer

 

Alavê alavê

mil anos de Reich

para o amado Führer

Estudante brasileiro um dos piores em ranking de leitura

opinião, imprensa, livro

 

Livro no Brasil, uma mercadoria de luxo vendida em papelarias com nome de livrarias, e supermercados. O preço continua absurdo, e apenas oferecem best sellers estrangeiros, que foram temas de filmes.

Os governos estaduais e municipais não investem em bibliotecas públicas, apesar da existência das secretarias de cultura apenas no nome, cujas verbas são desviadas para o pagamento de shows comícios e outros e-ventos políticos.

Nas escolas, os professores  desatualizados empurram os clássicos: Machado de Assis, romancista, e algum poeta parnasiano, também de leitura entediante para quem tem quinze anos. Ou algum livro paradidático, cujo autor escreveu nas coxas, acreditando que o jovem brasileiro, por natureza, não passa de um burro.

Os didáticos são também mal escritos, e não possuem a beleza de um livro, lembram cadernos xerocados, e selecionados via lóbi das editoras que faturam adoidado, repassando parte do lucro como jabá para secretarias de educação, diretores de colégios e alguns professores.

‘Leitores’ analfabetos

Quantas vezes, na Universidade, ouvi de estudantes de comunicação a triste revelação: “li, mas não entendi”?

livro na cara

Brasil melhora mas ainda é um dos últimos em ranking de educação

por Daniela Fernandes

De Paris para a BBC Brasil

Os estudantes brasileiros ocupam os últimos lugares nos rankings de leitura, matemática e ciências em uma lista de 65 países e territórios, segundo um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira.

De acordo com o estudo realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2012, da OCDE, apesar da melhora nos resultados, os estudantes brasileiros na faixa de 15 anos ficaram em 55° lugar em leitura entre os 65 países analisados pelo estudo. O ensino constitui um negócio.

O Brasil totalizou 410 pontos em leitura, resultado semelhante aos registrados pela Colômbia e Tunísia e abaixo da Costa Rica, mas acima da Argentina e do Peru.

A média em leitura dos países que integram a OCDE, na grande maioria economias desenvolvidas, foi de 496 pontos em leitura.

A China, que liderou a classificação também em matemática e ciências, obteve 570 pontos em leitura.

A OCDE ressalta que a performance dos estudantes brasileiros em leitura melhorou desde 2000, passando de 396 para os atuais 410 pontos, o que revela uma evolução média anual de 1,2 ponto.

“Dados relativos a mudanças demográficas e sociais entre 2000 e 2012 no Brasil mostram que a melhora no desempenho na leitura pode ser totalmente explicada pela melhoria no status econômico, social e cultural da população estudantil”, afirma o estudo.

Competências básicas

Mas o PISA revela um dado alarmante em relação ao nível de leitura dos estudantes brasileiros: quase a metade (49,2%) ficou abaixo do nível de competências básicas (classificado como nível 2 – que representa 407 pontos).

“Isso significa que, na melhor das hipóteses, eles podem identificar o assunto principal ou o objetivo do autor em um texto com assunto familiar e fazer uma simples conexão entre a informação do texto e seus conhecimentos diários”, diz o estudo.

Houve, no entanto, um leve progresso, já que esse índice havia sido de 49,6% na pesquisa anterior, divulgada em 2010. Em 2000, a proporção de estudantes brasileiros com nível 2 de leitura havia sido de 55,8%.

Na área de matemática, os alunos brasileiros ficaram em 58° lugar, totalizando 391 pontos.

O resultado é comparável ao da Albânia, Jordânia, Tunísia e Argentina. A média obtida em matemática pelos países da OCDE foi de 494 pontos. A China totalizou 613 pontos nessa disciplina.

A OCDE destaca que o Brasil foi o país que registrou a maior taxa de crescimento no total de pontos em matemática nos últimos dez anos.

O Brasil passou de 356 pontos nessa disciplina em 2003 para 391 pontos em 2012. A evolução média anual no período foi de 4,1 pontos.

Em ciências, os estudantes brasileiros ficaram em 59° lugar, com 405 pontos.

O desempenho nessa disciplina também vem aumentando desde 2006, afirma a OCDE, quando o total de pontos obtidos por estudantes brasileiros havia sido 390. No período, houve uma evolução anual de 2,3 pontos nos resultados.

Quase 20 mil estudantes brasileiros de 837 escolas participaram dos testes do PISA 2012, que avaliou 510 mil alunos em 65 países.

Repetência

A organização destaca ainda no estudo PISA que o nível de repetência ainda é extremamente elevado no Brasil e ocorre em maior número entre os estudantes socialmente desfavorecidos.

“No Brasil, mais de um terço dos estudantes (36%) com 15 anos repetiu um ano pelo menos uma vez no ensino primário ou secundário. Muitos repetiram mais de uma vez. Esta é uma das mais altas taxas de repetência entre os países que participam do PISA”, diz o relatório.

“O Brasil precisa encontrar meios de trabalhar com a baixa performance dos alunos para motivá-los e criar expectativas para todos e reduzir as taxas de abandono dos estudos”, afirma a OCDE.

O Pisa avalia a cada três anos a performance de estudantes em leitura, matemática e ciências, com idade de 15 anos ou mais, matriculados a partir da 7ª série do ensino fundamental.

 

BRA^GO_DDM literatura escondida escritor livro

Como evitar a maior queima de livros do Brasil

“Livros a mão cheia e manda o povo pensar”

Instante Estante, em Brasilia

Instante Estante, em Porto Alegre

Raquel Cozer publicou importante reportagem sobre “Encalhe, destruição: a superprodução de livros no Brasil”.

Informou:“A eliminação de sobras de livros é tema abordado com cautela por empresários, mas a prática de ‘transformar em aparas’, como eles preferem, é bem menos rara do que se possa pensar, em especial neste momento em que o mercado editorial brasileiro produz muito mais do que consegue vender”.

Por que os governantes brasileiros, via centenas de secretarias municipais e estaduais e Ministério da Cultura não evitam essa “queima de livros”.

Se estes livros estão para ser vendidos como se faz com jornais velhos e qualquer papel jogado no lixo, por que nossos governantes não compram no peso para distribuir com o povo?

O povo tem fome de livros. Mas não tem dinheiro. O livro voltou a ser artigo de luxo. Fazia parte dos inventários das grande fortunas até a Idade Moderna.

A distribuição seria fácil. A poetisa Sandra Santos pode ensinar. Veja como funciona o inteligente e criativo projeto Instante Estante .

“Bendito é aquele que semeia livros,
livros a mão cheia e manda o povo pensar;
o livro caindo na alma, é germe que faz a palma,
é chuva que faz o mar”.

Castro Alves