15 de Outubro vai ser dia de marcha global

Junto a Wall Street pede-se o fim da ganância empresarial (Jessica Rinaldi/Reuters)
Unidos por uma mudança global é o lema, 15 de Outubro o dia que escolheram para sair à rua e ocupar praças. Os indignados convocaram protestos pacíficos em todo o mundo que neste sábado deverão decorrer em 630 cidades de 67 países
“Qual é o ponto de encontro em Hanôver, na Alemanha?”, pergunta Guadalupe Cases na página do Facebook sobre os protestos de 15 de Outubro. “E em Hamburgo?”, quer saber Mac Fähland. Miriam Roura promete estar na rua em Barcelona, há mensagens em grego e em árabe. Sebastián Celis deixa informações sobre os protestos no Chile e Sérgio Vitorino, da organização contra a homofobia Panteras Rosa, apela às pessoas para que saiam à rua em Portugal. Vai ser um protesto global.
O mapa colocado na página na Internet da organização dos protestos, http://15october.net/, está repleto de manchas vermelhas. Na Europa não ficou um espaço em branco, o que significa que haverá manifestações em quase todos os países. “Da América à Ásia, da África à Europa, as pessoas estão a erguer-se para reclamar os seus direitos e pedir uma verdadeira democracia. Está na hora de nos juntarmos num protesto pacífico global”. A convocatória espalhou-se como um vírus e em mais de 60 países foram criadas páginas no Facebook.
“Unidos numa só voz, vamos deixar os políticos e as elites financeiras que os servem saber que cabe a nós, o povo, decidir o nosso futuro. Não somos mercadoria nas mãos dos políticos e banqueiros que nos representam”, lê-se no “site” do movimento. Há mensagens sobre a crise, o desemprego ou o ambiente, e há um vídeo divulgado pelos indignados do movimento 15M, que a 15 de Maio acamparam nas Portas do Sol em Madrid, que começa com a frase “desculpem o incómodo, mas isto é uma revolução”.
A convocatória nasceu em Espanha, quando ainda antes do Verão o movimento 15M anunciou que iria mobilizar uma manifestação europeia e escolheu o dia 15 de Outubro para a sua realização, recorda o El Pais. Mais tarde, o movimento Occupy Wall Street, que alastrou a várias cidades dos Estados Unidos, veio dar novo fôlego a esta ideia. Por isso estão previstas manifestações em 60 cidades de Espanha e mais de 40 nos EUA, às quais se juntam mais cerca de 500 noutros países.
Na Alemanha também haverá manifestações em dezenas de cidades, convocadas pela secção alemã do movimento antiglobalização ATTAC, com o lema “A Democracia não está à venda”. Os protestos deverão estender-se a cerca de 40 cidades e está previsto um comício junto à sede do banco Central Europeu, com microfone aberto para quem quiser falar. “Queremos juntar-nos aos protestos em Nova Iorque, Madrid, Atenas e Londres, sobretudo os jovens, que não devem tolerar que os bancos sejam salvos à custa dos contribuintes”, disse ao jornal Junge Welt o porta-voz da ATTAC, Mike Nagler.
Em Espanha, o objectivo é “lembrar aos políticos que o 15M continua vivo”, disse ao El Pais o porta-voz do movimento, Jon Aguirre Such. “Queremos que sirva também para relançar as assembleias de bairro”. As manifestações, diz, serão contra quatro poderes: “O financeiro, incluindo os paraísos fiscais, a banca e as agências de rating, o político (os dirigentes alheados das pessoas), o militar (os exércitos e a NATO) e o mediático (os grandes grupos e a censura na Internet”. À margem de qualquer manifesto, há quem deixe mensagens a dizer que quer um emprego, ou um planeta limpo.
Detenções em Boston
Do outro lado do Atlântico, em Nova Iorque, os protestos do Occupy Wall Street entraram na quarta semana e para esta terça-feira foi marcada uma marcha de Zuccoti Park, onde vários manifestantes se encontram acampados, em direcção a outras zonas da cidade, com passagem em frente à porta de milionários como Rupert Murdoch, adiantou a CNN.
(Isabel Gorjão Santos/ Público)