POUSO (II)
por Orides Fontela
.
Difícil para o pássaro
pousar
manso
em nossa mão – mesmo
aberta.
Difícil difícil
para a livre
vida
repousar em quietude
limpa
densa
e ainda mais
difícil
– contendo o
vôo
imprevisível –
maturar o seu canto
no alvo seio
de nosso aberto
mas opaco
silêncio.
SONHOS POÉTICOS
por Talis Andrade
.
À Terêza Tenório
Um pássaro
imenso
pousa manso
nas mãos
de Orides Fontela
Um peixe
nas coxas
de Cecília Meireles
Um corpo
de argila iluminada
cega Edna St.Vincent Millay
enquanto Alfonsina Storni
aguarda o amado
ponha nas carnes
a alma que pelas alcovas
ficou enredada
Indóceis as mulheres velam
o amor fosse tão belo
quanto seus versos
O amor que arde
nas faces coradas
o amor que arde
nas entranhas orvalhadas
tivesse a pureza
de uma prece